Memória: Reposição pelos 34,1% une e organiza categoria
Mais de cinco mil metalúrgicos atenderam ao chamado do Sindicato e, no dia 14 de agosto de 1977, participaram de assembleia na Sede para discutir formas de cobrar uma reposição salarial de 34,1%. A ditadura militar havia manipulado os índices de inflação de 73 e 74 e retirado aquele percentual dos salários.
Fazia mais de dez anos que uma assembleia não atraia tantos trabalhadores, causando surpresa inclusive à diretoria do Sindicato, que tinha Lula como presidente.
A assembleia decidiu iniciar uma campanha pela reposição, aprovou a instalação de dissídio coletivo fora da campanha salarial e chamou os patrões para negociar por meio da Delegacia Regional do Trabalho (DRT).
A mobilização assusta os militares, que proibiram a DRT de abrir negociações sobre a reposição. Duas outras assembleias com milhares de trabalhadores foram realizadas em setembro para decidir o que fazer. Apesar de muitos levantarem a possibilidade de greve, a diretoria preferiu ficar na ação jurídica.
Com a DRT negando instaurar o dissídio, o Sindicato iniciou as conversas com os empresários, mas as negociações não avançaram. A luta pela reposição se estendeu até dezembro, porém acabou se esvaziando com as festas de final de ano.
A grande vitória foi política. A mobilização pelos 34,1% mostrou à diretoria que a categoria tinha condições de se impor como força organizada e negociar com os patrões de igual para igual.
“Esse é o poder de barganha que devemos conquistar para não precisarmos pedir, pechinchar e ser paternalizados pelo próprio governo”, dizia a Tribuna, em dezembro de 1977.
E foi isso o que aconteceu no ano seguinte, quando os metalúrgicos do ABC iniciam uma greve salarial desafiando a legislação trabalhista e a política econômica da ditadura militar (1964-1985).
Da Redação