Menos da metade das categorias repõem inflação
Os reajustes salariais negociados em 2003 entre sindicatos de trabalhadores e empresas foram os piores dos últimos oito anos.
Os metalúrgicos do ABC estão entre as poucas categorias que conseguiram a reposição integral, aumento real, além de abono emergencial no meio do ano.
De cada dez acordos fechados no ano passado, em torno de seis não repuseram as perdas causadas pela inflação nos salários.
Esse foi o pior resultado obtido desde 1996, quando o Dieese começou a fazer esse tipo de pesquisa. Para chegar ao resultado, o órgão estudou 556 acordos.
No ano passado, 57,7% dos acordos tiveram reajustes menores que a inflação. Só 22,7% conseguiram repor a inflação. Outros 19,6% tiveram reajustes superiores.
“A pior distribuição dos reajustes em 2003 é reflexo da adversidade conjuntural do ano passado, que dificultou as negociações de reposição da inflação”, disse o supervisor-técnico do Dieese, José Silvestre Prado de Oliveira.
Entre os fatores que dificultaram as campanhas salariais estiveram os altos índices de desemprego, a inflação e o baixo crescimento.
“O desemprego é um sinal de que a economia vai mal e os sindicatos perdem força para negociar melhores salários”, afirmou o coordenador de relações sindicais do Dieese, Ademir Figueiredo.
>> Parcelamento ganha corpo
As empresas aumentaram o índice de parcelamento dos salários em 2003. Nas contas do Dieese, dos 556 acordos analisados, 157 (28,2%) foram parcelados, seis vezes mais que em 2002.
>> Abonos salariais
Os sindicatos recorreram a outras formas de remuneração para tentar repor as perdas dos salários. Exemplo foram os abonos, que estiveram presentes em 11,7% dos 556 acordos. “Existem vários casos em que os trabalhadores não conseguiram repor a inflação no salário, mas receberam uma remuneração variável que acabou zerando a perda”, disse Prado de Oliveira.