Mercado: crise não afeta venda de carros de luxo no País
No primeiro bimestre, as vendas das quatro marcas mais representativas do segmento - Audi, BMW, Mercedes-Benz e Volvo - cresceram 31% ante os dois primeiros meses de 2008
O mercado brasileiro de carros de luxo, com preços acima de R$ 120 mil, não está sentindo a crise. No primeiro bimestre, as vendas das quatro marcas mais representativas do segmento – Audi, BMW, Mercedes-Benz e Volvo – cresceram 31% ante os dois primeiros meses de 2008, de 1.115 para 1.461 unidades.
Em igual período, os negócios com automóveis em geral caíram 4,5%, para 313,5 mil unidades. A retração foi liderada pelo segmento de populares, que caiu 6,3%, segundo dados do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran).
Há modelos com fila de espera, como o Audi R8, que custa R$ 555 mil. Pelo menos 10 unidades encomendados nos últimos meses ainda não foram entregues. Desde junho, quando o modelo fabricado na Alemanha foi lançado no País, foram entregues 20 unidades.
A previsão das empresas que atuam no segmento de luxo é de vender 10 mil carros este ano, repetindo o volume de 2008. Já o mercado total de veículos pode cair até 15%, segundo preveem algumas fábricas.
“O Brasil é um dos poucos mercados mundiais que neste momento aparece com resultados azuis no relatório da companhia”, diz Paulo Sérgio Kakinoff, novo presidente da Audi do Brasil. Para ele, “os novos milionários” e a melhora da renda na economia como um todo têm sustentado o mercado de luxo, não só no segmento de automóveis, mas de vestuário e acessórios, entre outros.
Em números, o mercado brasileiro tem pouca representatividade na Audi. Em 2008, a empresa ultrapassou pela primeira vez em 100 anos a marca de 1 milhão de carros vendidos em todo o mundo, apenas 1,4 mil deles no Brasil. O País, porém, deu ajuda mais significativa aos resultados financeiros, que somaram 2,7 bilhões globalmente.
Na Europa, as vendas da Audi no primeiro bimestre caíram 12%, ante um mercado total que despencou 28%. Nesse cenário, a marca alemã, pertencente ao grupo Volkswagen, conseguiu, pela primeira vez, liderar o mercado europeu de carros de luxo, à frente das tradicionais concorrentes Mercedes-Benz e BMW.
“Vamos trabalhar para consolidar essa liderança”, avisa o vice-presidente mundial da Audi alemã, Peter Schwarzenbauer, que veio ao Brasil especialmente para empossar Kakinoff. Ele reconhece, porém, que a liderança só deve ser alcançada em 2015. Até lá, o grupo vai investir 2 bilhões ao ano.
Jeitinho Brasileiro
Aos 34 anos, Kakinoff trabalhou na Volkswagen do Brasil desde os 18, onde entrou como estagiário e chegou a diretor de vendas e marketing. Há dois anos, foi para a matriz na Alemanha, de onde retornou esta semana para assumir a Audi.
É a primeira vez que um brasileiro assume o posto. “Queríamos uma pessoa que represente a imagem da marca – jovem e dinâmica – e entendesse do mercado local e do jeitinho brasileiro”, diz Schwarzenbauer.
Kakinoff tem como desafio ampliar as vendas da marca para 5 mil a 6 mil unidades ao ano até 2015, ante 2 mil projetadas para este ano. Para isso, trará novos produtos ao País, três deles ainda este ano – o utilitário Q5, o esportivo TTS e o sedã A6. Em 2011, a Audi lançará no País o A1, modelo que será o mais barato da marca (abaixo de R$ 98 mil, preço atual do A3), poucos meses após o lançamento na Europa.
Quando produzia no Brasil o A3, na fábrica conjunta com a Volkswagen no Paraná, a marca chegou a vender 11 mil veículos. Mas voltar a produzir um modelo localmente não está nos planos da Audi, que vai investir R$ 100 milhões no País de 2009 a 2011, a maior parte em estratégia de vendas.
Da Agência Estado