Mercado de trabalho forte: desafios imediatos e de longa duração

Apesar dos juros altos, da leve desaceleração da economia e dos sucessivos ataques aos direitos trabalhistas, indicadores mais recentes apontam para certa estabilidade positiva no mercado de trabalho. O destaque é a significativa expansão da população ocupada, que já alcança cerca de 102,4 milhões de pessoas, contribuindo para a redução da taxa de desemprego, hoje em torno de 5,6% (6,084 milhões de desempregados).
O índice, medido em agosto, manteve-se estável em relação ao trimestre anterior e representa alta de 2,4% frente ao mesmo período de 2024. Outro dado relevante é o aumento de 3,7% no número de trabalhadores com vínculo formal desde agosto do ano passado, superior ao crescimento de 1,3% do emprego informal.
Esse contingente gera um rendimento total de R$ 352,2 bilhões, o que representa incremento de 2,5% (R$ 8,6 bilhões) no trimestre e 6,4% (R$ 21,3 bilhões) no ano. O rendimento médio do trabalhador chegou a R$ 3.484, valor que indica alta de 1,3% no trimestre e 3,8% em 12 meses, segundo a Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Esses dois indicadores se complementam: o aumento da massa salarial estimula o consumo e, por consequência, a expansão da economia, criando condições para manter o desemprego em níveis baixos.
Por isso, são fundamentais políticas como a valorização do salário mínimo, o fortalecimento dos sindicatos e o estímulo à negociação coletiva. Também é essencial reduzir os juros e ampliar o crédito para as camadas mais vulneráveis. Os problemas estruturais do mercado de trabalho, ainda marcado pela vulnerabilidade, não se resolvem de imediato. Mas o primeiro passo é combater o desemprego e a informalidade, que fragilizam os trabalhadores e os sindicatos e perpetuam o atraso e a desigualdade.
Departamento de Formação