Mercado interno impulsiona nova modernização na indústria brasileira
A indústria brasileira poderá obter ganhos de competitividade para ocupar um papel de destaque no mundo pós-crise externa
A preservação da renda do trabalhador brasileiro, a melhora do salário mínimo, garantindo o prosseguimento de um processo de expansão de renda no País, além da redução da taxa de desemprego e a geração de postos de trabalho são sinais que sugerem que o mercado interno vai conseguir manter o dinamismo que vinha exibindo anteriormente. Ao mesmo tempo, isso vai provocar uma onda de mudanças e reestruturações na estratégia das indústrias nacionais.
A avaliação foi feita pelo economista David Kupfer, coordenador do Grupo de Indústria e Competitividade (GIC), do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (IE/UFRJ), em entrevista à Agência Brasil.
“Acredito que a indústria nacional vai ter um ambiente econômico melhor para conseguir estruturar mais uma rodada de modernização, de incorporação de novos produtos, de aumento de eficiência e produtividade. Isso seria um resultado muito positivo e pesadamente desejável, na medida em que vai realimentar esse ciclo virtuoso no mercado de trabalho”.
É dessa forma que o economista avalia que a indústria brasileira poderá obter ganhos de competitividade para ocupar um papel de destaque no mundo pós-crise externa. O tema será debatido pela Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), nesta segunda-feira (25), quando se comemora o Dia da Indústria.
Kupfer disse que a crise internacional foi muito profunda e abalou as estruturas da indústria brasileira, que viu posta em xeque a trajetória até então delineada de crescimento e expansão. Para ele, isso não foi de todo ruim porque embora estivesse apresentando um crescimento satisfatório, os fundamentos estruturais da indústria não se mostravam organizados.
Afirmou que, entre outras razões, isso ocorreu porque o que justificava a expansão da indústria era em boa parte o aquecimento excessivo do mercado mundial em termos de quantidade para os exportadores, “que estavam se beneficiando dessa fome de mercadorias no mundo”,. Além disso, houve os efeitos dos preços que essa “bolha” estava trazendo e que produziam resultados, em termos de rentabilidade, muito bons para a atividade em geral.
Para David Kupfer, por enquanto a economia mundial vai apresentar um quadro em que as exportações e o mercado externo vão ficar em um nível menos relevante em termos de atratividade de negócios, enquanto o mercado interno vai passar a ter um papel mais firme no direcionamento das estratégias de preços. No caso brasileiro, ele ressaltou que o mercado doméstico está conseguindo sobreviver de maneira positiva e, em certo sentido, até melhor do que a prevista em relação ao tombo da crise.
Do Jornal de Brasília