Mercedes-Benz dará coletivas em abril

Motivo foi a queda na venda de caminhões e ônibus, que também afeta a produção na Ford e na Scania


Moisés Selerges, diretor de Organização do Sindicato, fala durante assembleia sobre as coletivas, na Mercedes.
Foto: Raquel Camargo / SMABC

A forte queda nas vendas de caminhões e ônibus neste início de ano está preocupando os trabalhadores na Mercedes-Benz, em São Bernardo.

A ansiedade aumentou quando foram anunciadas férias coletivas de dez dias no começo de abril (de 2 a 11) para todos os companheiros ligados à produção de caminhões e ônibus.

Além dessa parada, a empresa comunicou que vai interromper a produção por mais duas vezes também em abril.

Um dos principais motivos desta queda na comercialização são as mudanças nos motores dos veículos, que a partir deste ano devem atender a norma chamada Euro 5, que prevê a produção de motores menos poluentes.

“Os novos motores têm a vantagem de poluir menos o meio ambiente, mas deixaram os caminhões e ônibus mais caros. Além disso, eles usam um tipo de diesel com menos enxofre que também é mais caro e está disponível em um número menor de postos de gasolina”, explicou Aroaldo Oliveira da Silva, coordenador do CSE na Mercedes.

Por isso os trabalhadores cobram do governo federal um programa que incentive a produção dos veículos com motores Euro 5 para tirar o setor da estagnação.

“Corremos o risco de perder postos de trabalho se a produção continuar parada dessa forma”, alertou Moisés Selerges, diretor de organização do Sindicato.

Produção cai também na Scania
Outra empresa que vem sofrendo os efeitos da queda das vendas de caminhões e ônibus é a Scania. A produção na montadora caiu 30% no começo deste ano e a fábrica já adiantou que haverá vários dias de parada de produção no resto do ano.

“Nosso maior desafio na Scania é com relação à manutenção dos trabalhadores contratados por prazo determinado”, afirmou Rafael Marques, vice-presidente do Sindicato.

Ford prevê coletivas
Na Ford, foram produzidos no ano passado 43.700 caminhões e os números para este ano são bem mais modestos. A previsão é  fabricar 26.100 caminhões em 2012.

Por isso, foram programados 36 dias de banco de horas e estão previstos 10 dias de férias coletivas em julho para os trabalhadores na fábrica em São Bernardo.

“Também estamos com dificuldade de efetivar alguns trabalhadores temporários neste começo de ano”, disse Alexandre Aparecido Colombo, coordenador da representação na Ford.

O que é o Euro 5
A partir deste ano, todos os caminhões, ônibus e utilitários que usam diesel precisam seguir a norma Euro 5.

Essa nova regulamentação faz parte do Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores (Proconve) e tem por objetivo reduzir a emissão de poluentes na atmosfera dos veículos que usam diesel. O apelido Euro 5 é uma alusão a mesma norma que é usada pelos países da Europa.

A norma fez com que os motores dos caminhões e ônibus produzidos no País fossem alterados para poluir menos e serem mais eficientes. Outra mudança é que os veículos usarão um novo combustível diesel, o S50, que usa menos enxofre na composição.

Da Redação