Mercedes-Benz efetivará 1.100 metalúrgicos
Resultado da luta pelo emprego, efetivação trouxe segurança e criou um clima de comemoração entre os companheiros
Fotos: Rossana Lana / SMABC
O clima é de festa entre os trabalhadores na Mercedes-Benz neste final de ano. Semana passada, 678 companheiros e companheiras foram efetivados após cerca de um ano de trabalho em regime por prazo determinado. Uma outra turma será efetivada no início de janeiro, num total de 1.100 trabalhadores, incluindo os do Senai,que acabam de concluir seus cursos.
Em comum, a efetivação trouxe uma nova expectativa de vida a todos. “Vou ter um Natal, um ano novo e uma vida melhor”, afirma com convicção o montador Caio Vinícius Paulitti.
A compra da casa, o ingresso na faculdade, a possibilidade de trilhar uma carreira profissional entre outros anseios passaram a fazer parte da vida deles.
“Essa alegria é a nossa recompensa pela luta em defesa do emprego”, resume João de Souza Santos, o João Presidente, membro do Comitê Sindical.
Comprei um carro
Um dia depois de saber de sua efetivação, Vanessa Viega (acima), montadora comprou um carro. “A efetivação traz estabilidade. Antes, como temporária, não tinha segurança de assumir um compromisso, como contrair uma dívida”, conta ela, que nesse ano e pouco de contrato por prazo determinado viveu momentos de apreensão.
“Entramos aqui ainda sob os efeitos da crise econômica internacional e depois veio o período eleitoral e a gente não tinha certeza de como seria a economia”, afirma. Vanessa confessa que depois do carro tem outros planos. “Agora é a compra da casa própria e não ter de depender mais do marido para pagar minha faculdade de jornalismo”.
De volta pra casa
Entre os efetivados há um ex-dekassegui. O soldador William Akira (acima) perdeu seu emprego numa montadora no Japão. Ele era terceiro na Komatsu, fábrica de tratores e foi demitido em dezembro de 2008, por causa da crise econômica internacional.
Foi a crise no emprego daqui que o levou ao outro lado do mundo, onde permaneceu por nove anos.
“Meu filho nasceu lá e não conhecia os avós. Por isto, resolvemos voltar para cá assim que fui demitido. Fiquei um ano desempregado até entrar na Mercedes”, recorda o descendente de japoneses que chegou a ganhar R$ 12 mil num de seus trabalhos no Japão.
Pensa em voltar? Perguntamos.
“Não preciso nem responder, né!
Clima de festa
Dia 18 de novembro, um dia depois de efetivada, a mãe de Patrícia Custódio Carneiro (acima) fez um bolo de laranja com chocolate para ela comemorar com a companheirada no setor. “Tive de pagar sorvete também”, disse a jovem metalúrgica na montagem final de caminhões.
Antes da Mercedes, era trabalhadora numa empresa de terceiros a prestar serviços no RH da Ford.
“Troquei aquele trabalho por causa de uma outra perspectiva de vida. Mesmo por prazo determinado, o trabalho aqui na Mercedes me proporcionou mais, como folga para pagar a faculdade, para comprar um carro e, agora, com a efetivação, um apartamento”.
Daqui até o final do ano, entretanto, sua preocupação é outra: encontrar uma agenda para outras tantas comemorações. “Vai ter churrasco até o final do ano pago pelos efetivados”, anuncia.
A montadora de painel Vanessa da Silva Ferreira (acima) também trocou o emprego em uma terceira, esta dentro da própria Mercedes, para tentar a carreira num trabalho por prazo. Deu certo! “Aqui a gente tem estabilidade, melhor salário e mais benefícios”, afirma orgulhosa por ser selecionada há um ano e efetivada agora.
Uma nova fase começa em sua vida. Ela e o marido, também metalúrgico na Mercedes, passaram no vestibular de logística e ano que vem planejam investir na cassa própria e, depois, ter filhos.
Essa história se repete com Daniela Ferreira da Silva (acima) que saiu de um trabalho na área administrativa das Casas Bahia. “Me arrisquei por causa do salário. Esta é um boa empresa e sempre tive vontade de entrar aqui”, revela a moça, formada em administração de empresas que, assim com sua colega Vanessa Viega não pensou duas vezes para comprar o carro, já pensando na efetivação.
Situação idêntica viveu Juliana Talita Dias dos Santos (acima), montadora de tubulação, que antes da Mercedes trabalhava no setor de compras de uma empresa de engenharia.
“Esperava a efetivação porque o ano foi bom, com produção em alta. Tinha muita esperança, mesmo que fosse a renovação do contrato por prazo”.
Investir nas carreiras
O trabalho é na linha de montagem, mas uma carreira na área de comércio exterior da montadora é a expectativa de Caio Vinícius Paulitti (acima).
Ele vai concluir o curso no final deste ano. Passou por um período de estágio na Sachs e como sabia ser impossível sua contratação, concorreu a uma vaga na Mercedes.
“Fui construindo a minha efetivação porque me relaciono bem com as pessoas. Ao mesmo tempo torci pelo crescimento da produção”, comentou.
Também na linha de montagem, Michel do Nascimento (acima) está no terceiro ano do curso de Ciências Contábeis e como seu colega Caio quer batalhar uma vaga para seguir carreira no setor dentro da montadora. “Sempre esperei o melhor. Sou uma pessoa positiva”.
Primeiro foi a efetivação. Agora é a vida acadêmica. Depois de anos de trabalho em concessionárias de carros, o pintor Diego Pereira da Silva (acima), afirma que terá condição de manter seus estudos daqui por diante.
“Esperava demais pela notícia da efetivação. Me trouxe muita felicidade e agora quero estudar engenharia mecânica”, revela.
Fez o teste o foi demitido
Alessandro Rueda Correia (acima) perdeu um dia de emprego na Rassini para fazer o teste na Mercedes. No dia seguinte, foi demitido em represália pela falta ao serviço sem justificativa. Passou no teste, mas veio a instabilidade da crise econômica em 2008.
“Passou-se quase um ano e tinha perdido a esperança de ser chamado até que um dia recebi um telefonema perguntando se estava disposto a assumir o posto”, rememora.
Durante esse tempo, um laticínio de sua companheira, no centro de Santo André, segurou as despesas da casa. “Agora está ótimo com a efetivação. Com certeza vou prosseguir aqui”, aposta.
Da Redação