Mercedes-Benz: Extorsão patronal continua
Após as gigantescas manifestações do último final de semana, o presidente da Comissão de Fábrica dos trabalhadores na Mercedes-Benz na Alemanha, Erich Kleimm, e dirigentes do IG Metall, o sindicato dos metalúrgicos do país, reuniram-se ontem e continuarão as conversas hoje com dirigentes da empresa.
Os companheiros estão chamando a ofensiva da MBB de extorsão porque, como condição para investir na produção de novos modelos, ela quer impor imensos programas de redução de custos.
Se os trabalhadores não aceitarem estas medidas, a empresa ameaça transferir a produção para o Leste europeu, Turquia ou, dentro da própria Alemanha, de Sindelfingen para Bremen, onde há menos feriados e benefícios menores. No total, 10.000 postos de trabalho estão sob ameaça.
A Mercedes pretende cortar R$ 1,9 bilhão através de redução dos salários; aumento da jornada de 35 para 40 horas semanais; redução dos adicionais de turno e de horas extras; extensão do trabalho sub-contratado e transferência dos aprendizes a qualquer fábrica na Alemanha, de acordo com as necessidades da empresa.
Até agora, as negociações entre a MBB e a coordenação das comissões dos trabalhadores não trouxeram nenhum resultado. Mas a representação continua exigindo negociações nacionais para evitar que as fábricas sejam jogadas umas contra as outras. São 14 fábricas MBB na Alemanha.
Aproveitando a iniciativa da Mercedes, representantes das associações patronais alemãs estão indo aos noticiários para propor a eliminação de uma semana de férias e jornada semanal de 50 horas (hoje é 35 horas), exigindo redução de salários, extensão da jornada sem aumento salarial e a flexibilidade irrestrita.
A chantagem usada é velha conhecida dos metalúrgicos do ABC. O corte de direitos é necessário para salvar a produção industrial na Alemanha sob pena dela ir embora para outros países.