Mercedes e Scania anunciam paradas após negociação com Sindicato
Metalúrgicos do ABC defendem o isolamento social para proteger os trabalhadores. Hoje é dia nacional de luta em defesa da vida e dos empregos.
A Mercedes e a Scania, em São Bernardo, vão paralisar a produção a partir do dia 26, com retorno no dia 5 de abril. O Sindicato cobrou e negociou as paradas com as montadoras devido ao agravamento da pandemia da Covid-19. A Volks paralisa a produção a partir de hoje, com retorno no dia 5.
Mercedes
Os trabalhadores na Mercedes terão parada da fábrica a partir de sexta-feira, dia 26, antecipação de feriados para os dias 29, 30, 31/3 e 1/4. E, a partir do dia 5, para reduzir o número de trabalhadores dentro da fábrica, serão usadas férias coletivas com revezamento de turmas. As férias serão administradas, podendo se estender até o fim de maio, dependendo do aumento ou redução da Covid-19.
O coordenador da representação na Mercedes, Ângelo Máximo de Oliveira Pinho, o Max, destacou que o Sindicato, desde o início do mês, levantou o debate na categoria para proteger a vida dos trabalhadores.
“Infelizmente, os números diários só aumentaram. A nossa defesa prioritária é a vacina para todos já. Mas hoje, na falta de vacinas, a melhor solução é o distanciamento social”, afirmou.
“O pessoal está bastante preocupado, a maioria já perdeu parentes, amigos, inclusive colegas de trabalho. A medida vai garantir maior proteção dos trabalhadores e também cobra as esferas do governo para que tomem ações efetivas de combate à pandemia e de proteção ao emprego e renda”, prosseguiu.
“Os trabalhadores precisam aproveitar esse período para proteger a si e também a seus familiares. Sair só se for extremamente necessário”, reforçou.
Scania
Na Scania, será usado o acordo de flexibilidade, que existe desde 2013 para adequar o volume de produção.
O coordenador da representação na montadora, Francisco Souza dos Santos, o Maicon, falou sobre a importância da negociação.
“Estamos acompanhando o agravamento da pandemia, a mutação do vírus, a contaminação mais rápida e o colapso do sistema de saúde da região tanto público quanto privado. O acordo é para tentar que a curva da pandemia vire uma decrescente e quem precisar de atendimento hospitalar que seja atendido”, explicou.
“No começo, há um ano, a maioria ouvia falar do coronavírus. Agora as vítimas têm nome e rosto conhecidos. Dificilmente uma pessoa não tem alguém próximo que veio a falecer. O clima é de muita preocupação”, disse.
“Essa situação já era uma tragédia anunciada e muitas vidas poderiam ter sido preservadas se o governo federal tivesse feito a parte dele, ouvido os profissionais de saúde e feito a aquisição de vacinas em agosto do ano passado”, contou.
“É fundamental seguir o isolamento social à risca, cada um tem que fazer a sua parte para que a medida seja efetiva para proteger as vidas”, concluiu.
Dia de luta
Hoje é o Dia de Luta – lockdown nacional, chamado pela CUT, demais centrais sindicais e frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo. Serão realizados atos simbólicos, paralisações e mobilizações nas redes sociais. Às 11h, os presidentes das centrais realizam uma live.
A CUT-SP organiza a plenária popular, que será virtual e transmitida pelo Facebook da entidade a partir das 17h.
“Convido todos a participar da luta em defesa da vida e dos direitos, reforçar a importância do isolamento social, do auxílio emergencial de R$ 600, vacinação já para todos e todas, testagem em massa, medidas de proteção o emprego e também às pequenas e médias empresas”, destacou o secretário-geral da CUT-SP, Daniel Calazans.
“É dia de dar um basta ao governo Bolsonaro, que é ineficiente, irresponsável e negacionista e vem colocando o povo brasileiro em risco de vida”, chamou.