Mercedes: Trabalhadores reprovam ação judicial da empresa

Fotos: Edu Guimarães

Em assembleia na manhã de ontem, os trabalhadores na Mercedes, em São Bernardo, aprovaram o pedido do Sindicato para que a montadora retome o diálogo e, as­sim, possam encontrar saídas de forma negocia­da. A greve, iniciada no dia 14, continua. Nova assembleia está marcada para hoje, às 7h30.

A montadora comu­nicou os trabalhadores na terça-feira que entrou com pedido de dissídio no Tribunal Regional do Trabalho de São Paulo, algo que não ocorria desde o início da década de 90 na fábrica.

“A empresa dá uma demonstração de re­trocesso tremendo. A representação sempre se balizou pela negocia­ção”, criticou o secretá­rio-geral do Sindicato, Aroaldo Oliveira da Silva.

“O que a companhei­rada quer é que a em­presa discuta caminhos para a gente melhorar a situação, avançar e en­contrar saídas. O nosso problema, nós, traba­lhadores e direção da empresa, temos que resolver. Não é querer que uma pessoa de fora decida sobre o futuro, isso é comprometer o futuro”, alertou. “E de­pois como fica a rela­ção dos trabalhadores dentro da fábrica? A Mercedes ter entrado na justiça não ajuda em nada”, continuou.

O secretário-geral lembrou que foram as discussões com a repre­sentação e os acordos com o Sindicato que garantiram a manuten­ção da fábrica em São Bernardo, inclusive a nova linha de cami­nhões inaugurada em março com os conceitos da Indústria 4.0.

“A linha nova no pré­dio 40 existe porque foram os trabalhadores que discutiram. Se de­pendesse de alguns di­rigentes da companhia, essa linha não estaria aqui”, disse.

“Os companheiros aqui têm responsabili­dade. A empresa tem que tomar consciência e retomar as negocia­ções. Do mesmo jeito que os trabalhadores dividiram o ônus com a companhia na hora da dificuldade, a empresa tem que saber começar a dividir os bônus com todos”, prosseguiu.

Aroaldo explicou ainda como fica a tra­mitação na justiça.

“O Departamento Ju­rídico do Sindicato está acompanhando de perto os próximos passos. A primeira audiência cos­tuma ser de conciliação ou instrução, mas a gente já responde que não tem como acontecer. Se não chegamos a um acordo até agora, não vão ser alguns minutos ou ho­ras na frente do juiz que vamos chegar”, explicou.

“O juiz deve marcar uma audiência para jul­gar o pedido e vamos informando cada passo durante as assembleias”, afirmou.

GREVE

Os companheiros na Merce­des estão em greve desde o dia 14 por tempo indeterminado até que a montadora apresente uma proposta de acordo coletivo que atenda às reivindicações de reajuste salarial, cláusulas sociais e PLR.

As negociações tiveram início em abril. No dia 2 de maio, os companheiros iniciaram as mobilizações inter­nas com paradas e passeatas pela fábrica para pressionar a negociação. Em assembleias internas, aprovaram a disposição de luta e greve caso a empresa não avançasse na proposta.

No dia 15 de maio, o Sindicato rejeitou as duas pro­postas apresentadas na mesa de negociação por não atender a pauta dos companheiros.

Na sexta-feira, dia 18, os metalúrgicos reprovaram em assembleia a proposta apresentada.

Da Redação.