Mesmo com incerteza, montadoras puxam a retomada da atividade

Vendas do setor aceleram, mas indústria põe o pé no freio da produção e força redução de estoque

Menos de seis meses depois do pico da quarentena, que silenciou fábricas e fechou concessionárias, a recuperação do mercado de carros novos tem surpreendido os vendedores. Outubro registrou o maior volume do ano e o quarto mês consecutivo de crescimento. No caso de lançamentos, há filas de espera de mais de 60 dias.

Segundo relatam os vendedores, circula pelas lojas de automóveis o consumidor que readquiriu confiança no trabalho, deixou de gastar com viagem de avião, quer fugir do transporte coletivo ou cansou das aplicações financeiras. Mas a queda nos estoques reflete, ao mesmo tempo, a decisão da indústria que, incerta em relação ao que vem pela frente, reduziu o ritmo de produção, abriu programas de demissão voluntária e cortou turnos.

Em outubro, foram emplacados 215 mil veículos, incluindo caminhões e ônibus, volume 3,54% maior do que em setembro. A recuperação é mais evidente quando se leva em conta que o número de dias úteis foi igual ao de setembro, já que os licenciamentos são feitos quando os postos do Detran funcionam.

“Notamos que os clientes estão mais confiantes, tomando a decisão de compra, facilitada pela oferta de crédito”, afirma Alarico Assumpção Júnior, presidente da Federação Nacional da Distribuição de Veículos (Fenabrave), que representa os concessionários. As vendas de outubro caíram 15,11% em relação ao mesmo mês de 2019. No acumulado de dez meses, o licenciamento de 2,47 milhões de veículos representou retração de 25,74% em relação ao mesmo período do ano passado. Isso significa que em quase um ano o mercado brasileiro encolheu um quarto.

Do Valor Econômico