Metalúrgicas debatem conscientização pelo fim da violência contra a mulher com companheiras na Mercedes

Trabalhadoras relataram como identificaram e se livraram de relacionamentos abusivos

Foto: Kelly Fersan

O Coletivo das Mulheres Metalúrgicas do ABC e o CSE na Mercedes realizaram, no último dia 23, uma atividade com as companheiras na montadora para marcar o Agosto Lilás. A palestra “Conscientização pelo fim da violência contra a mulher” se transformou num bate-papo com relatos pessoais e troca de informações.

A CSE na empresa, Priscila Zambelo Rozas, deu destaque à emancipação que esse tipo de conversa promove. “Realizando atividades como essa, buscamos a emancipação feminina, para que as mulheres se enxerguem como pessoas de direitos. O local foi muito simbólico também, a organização de uma palestra dentro da fábrica da Mercedes, ocupando o espaço do capital, mostrando a força das mulheres trabalhadoras organizadas no local de trabalho”.

“Durante a conversa sobre as formas de violências sexual, moral, psicológica e patrimonial, as participantes se sentiram à vontade para relatar situações vivenciadas e não percebidas à época. Houve, inclusive, relatos de mulheres que se libertaram de relacionamentos abusivos. O sentimento de sororidade tomou conta do ambiente”, completou.

A coordenadora do Coletivo, Rosimeire Conceição, a Rosi, considerou que os homens também precisam participar desses debates para reconhecer os tipos de violência, já que muitos praticam e, muitas vezes, nem se dão conta. Ela também lembrou a Marcha das Margaridas, evento que reuniu milhares de mulheres em Brasília no último dia 16, no qual o Coletivo marcou presença.

“As companheiras ficaram muito felizes de se envolverem no bate-papo, que acabou não sendo uma palestra. Falamos também da importância da Marcha das Margaridas, o porquê de a Marcha ter esse nome, e porquê é comemorado no mês de agosto, e porquê o mês de agosto é chamado de Agosto Lilás”.

Foto: Kelly Fersan

Margarida Maria Alves

O assassinato da paraibana que dá nome à Marcha, Margarida Maria Alves, completou 40 anos dia 12 deste mês. A trabalhadora rural, nordestina e líder sindical, que rompeu com padrões tradicionais de gênero, foi morta a tiros, na porta de casa. Ela se transformou em símbolo de resistência e luta contra a violência no campo, pela reforma agrária e fim da exploração dos trabalhadores rurais.