Metalúrgicas debatem curta ‘Chão de Fábrica’ no Dia Internacional da Mulher
Sessão contou com a presença de integrantes da produção e do elenco para discussão sobre situações que as mulheres enfrentavam nas fábricas no final da década de 1970, algumas que perduram ainda hoje

Na noite de ontem, em celebração ao Dia Internacional da Mulher, foi exibido na Sede o premiado curta metragem “Chão de Fábrica”. Após a sessão, a diretora do filme, Nina Kopko, e as atrizes Alice Marcone, Helena Albergaria, Joana Castro e a produtora, Letícia Friedrich, participaram de um debate com o público sobre a temática da obra que retrata dilemas de quatro mulheres metalúrgicas na final da década de 1970.
A atividade contou com a presença da vereadora de São Bernardo pelo PT, Ana Nice, ex-diretora do Sindicato, e da vice-prefeita de Diadema, Paty Ferreira.
A coordenadora da Comissão das Metalúrgicas do ABC, Maria do Amparo, abriu o evento destacando que a luta pelos direitos das mulheres é de todos e lembrou das companheiras que lutaram antes enfrentando, desigualdades, assédio e machismo nas fábricas. “Fizemos tanto, mas ainda há muito a ser feito. Nós somos 52% da população, e podemos influenciar decisivamente os rumos deste país. É preciso intensificar a luta por justiça, igualdade, contra o machismo, a misoginia e o racismo”.

A diretora do curta, Nina Kopko, agradeceu o apoio do Sindicato e afirmou estar vivendo um dos dias mais importantes da sua vida. “Dirigir um filme foi algo que demorou muito, porque nós mulheres aprendemos outras coisas, mas eu consegui e só consegui porque 35 mulheres acreditaram que eu poderia fazer isso. A vida e a luta da mulher metalúrgica é sobre a vida de todas as mulheres que trabalham neste país, eu sou uma operária do cinema. As mulheres que precisam enfrentar o assédio, a tripla jornada, as desigualdades. A história de vocês foi diminuída, mas essa história mudou muita coisa e precisa ser contada. Espero ter feito jus à beleza da história de vocês. E espero que no futuro não precisemos mais discutir sobrevivência, mas sim qualidade de vida”.
Assédio

Um dos temas retratados no curta é o assédio no ambiente das fábricas. Maria do Amparo destacou que, infelizmente, essas situações não ficaram no passado e ainda são muito comuns no dia a dia. “A mulher é assediada e depois é punida quando engravida. Quantas de nós conhecemos mulheres que passaram por situações semelhantes?”, indagou.
Cultura que transforma
“O cinema e a cultura são ferramentas de luta importantíssimas para o projeto de país que queremos. Só mudaremos este país se valorizarmos a cultura. O Sindicato tem que reivindicar melhores condições de trabalho, mas também tem que cobrar que haja na cesta básica cultura, porque ela transforma”, afirmou o presidente do Sindicato, Moisés Selerges.
Nossa história

“Se nós mulheres não escrevemos a nossa história, ninguém vai escrever. Muitas das nossas companheiras têm dores e feridas causadas pelo ambiente de trabalho, o ramo metalúrgico é um reflexo da sociedade. Ainda hoje a pressão psicológica que sofremos é muito forte, a mulher adoece por se sentir culpada e por acreditar estar em um ambiente que não é o dela.
Não é fácil quebrar barreiras, muitas desistem, adoecem, mas nós precisamos estar juntas e apoiarmos umas às outras, só assim vamos conquistar uma sociedade mais justa”, finalizou a diretora executiva do Sindicato, Michelle Marques.