Metalúrgicas do ABC enfrentam racismo e intolerância durante Marcha em Brasília

Foto: Marcello Casal Júnior / Agência Brasil

As metalúrgicas do ABC e milhares de mulheres negras, quilombolas e indígenas protestaram contra o racismo e a violência no último dia 18 durante a primeira edi­ção da Marcha das Mulheres Negras, em Brasília.

Diante do Congresso Nacional, mesmo com provocação dos golpistas que pediam a volta da ditadura militar e estavam acampa­dos na Esplanada dos Ministérios, a marcha não se intimidou e seguiu em resistência.

“A atividade seguia tranquila até esses manifestantes agredirem as mulheres da Marcha, jogarem bombas de gás e dizerem que ali não era o nosso lugar”, denunciou a diretora executiva e coordenadora da Comissão das Metalúrgicas do ABC, Ana Nice Martins de Carvalho.

Durante a confusão, dois policiais civis foram presos por dispararem tiros para o alto. Pelo menos, um deles integra o grupo acampado em frente ao Congresso.

Segunda Ana Nice, fora a intolerância, turbantes, tranças e as cores da África “marcaram a identidade da manifestação e ajudavam a dar corpo ao grito pelo fim do extermínio da juventude negra, contra a maioridade penal, pelos direitos das mu­lheres e por mais políticas públicas”.

“Estamos vencendo barreiras do pre­conceito no trabalho e na sociedade, mas ainda temos uma longa caminhada”, declarou a dirigente. “Ainda estamos em construção de uma sociedade justa, onde as trabalhadoras negras, que são duplamente discriminadas, possam exercer plenamente o direito à cidadania”, concluiu.

Ao final do dia, uma comissão de mu­lheres entregou à presidenta Dilma Rou­sseff documento declaratório que cobra medidas contra o racismo, a violência e defende o bem-viver, conceito que engloba o respeito às culturas e à ideia de respeito ao meio-ambiente.

Da Redação.