Metalúrgicas do ABC juntas pelo fim da violência contra a mulher e por mais participação social

No próximo final de semana, as metalúrgicas do ABC participarão de diversas atividades na região e na capital paulista pelo fim da violência contra a mulher e pela ampliação da participação feminina no mercado de trabalho e na política.

A programação faz parte do calendário de lutas do Dia Inter­nacional da Mulher, o 8 de março, instituído em 1910, na 2ª Confe­rência Internacional das Mulheres Socialistas.

Entre as principais bandeiras das mulheres da época estavam o direito ao voto, a luta por melhores condi­ções de trabalho e de vida para as mulheres.

“O 8 de março é uma data que já na sua origem, há mais de 100 anos, rei­vindica a participação da mulher na política”, destacou a coordenadora da Comissão das Metalúrgicas do ABC e diretora executiva do Sindicato, Ana Nice Martins de Carvalho (foto).

“A ocupação destes espaços por mulheres tem sido apoiada pelo Sindicato e incentivada pelos com­panheiros”, completou.

Segundo a coordenadora, os Me­talúrgicos do ABC cumprem o papel de Sindicato cidadão neste esforço de garantir o direito à cidadania plena para as mulheres.

“Ainda temos muito para con­quistar, porque somos mais de 50% da sociedade e, no entanto, apenas 10% no Congresso Nacional e na Assembleia Legislativa de SP e não chegamos nem a 5% das câmaras de vereadores da região do ABC”, lamentou.

Para Ana Nice, ajustar a represen­tação das mulheres na política à sua participação social é fundamental para encarar outras tarefas como o combate à violência.

“É por meio da política que pode­mos construir uma sociedade mais justa e sem agressões ou mortes”, defendeu a dirigente.

“A lei Maria da Penha é a prova do fortalecimento destas políticas públicas”, completou.

Ana Nice alertou para o cres­cimento das denúncias feitas pelo 180, serviço nacional que atende mulheres vítimas de violência.

“As mulheres estão mais estimula­das a denunciarem seus agressores porque existe a lei e também estão conquistando mais autonomia fi­nanceira”, afirmou.

“Temos que estar atentas para essa questão da violência contra a mulher, que não escolhe classe social, está disseminada em toda a socieda­de e precisa ser combatida”, concluiu a diretora do Sindicato.

“Mulheres, tenham coragem”

Operadora de empilhadeira na Autometal, em Diadema, Joana Paula de Oliveira Ferrei­ra é a única mulher na função entre quase 30 trabalhadores no setor da empresa.

“Não existe nenhum posto de trabalho no chão de fábri­ca que a mulher não possa ocupar”, incentivou as com­panheiras.

Joana contou que também foi a primeira operadora de empi­lhadeira em outras empresas, mas que isso nunca foi um impedimento para ela.

“Acho que cada vez mais mulheres estão enxergando o seu potencial e as possibilida­des de ampliar a participação no mercado de trabalho”, de­fendeu.

Segundo ela, foi pelas mãos de uma amiga que fez o curso no Senai há dez anos e, então, iniciou a sua carreira.

“Já incentivei mais de dez mulheres para se especializa­rem e todas elas estão exercen­do a função de operadoras de empilhadeiras em diversas fá­bricas da região”, comemorou.

A metalúrgica ainda se di­verte com o espanto de alguns homens quando percebem que é uma mulher quem está pilotando a máquina.

“É engraçado. Eles nem dis­farçam a surpresa ao me verem conduzindo a empilhadeira”, brincou.

“Temos uma mulher di­rigindo o Brasil e isso é um incentivo para todas nós. Até o final do ano vou estar pilo­tando caminhão”, completou.

Para Joana, ainda existe preconceito com as mulheres nos processos seletivos das empresas.

O que também é confir­mado pelo representante dos trabalhadores na autopeças, Gilberto da Rocha, o Amen­doim.

“Enfrentamos muitas difi­culdades para ampliar a par­ticipação das mulheres na fábrica e a presença dela ajuda neste convencimento para der­rubar as resistências que ainda existem”, disse Amendoim.

“Precisamos vencer o ma­chismo, mas a gente chega lá. Por isso, digo para as com­panheiras, mulheres tenham coragem”, finalizou a traba­lhadora.

Quem ama não bate!

O Resumo do Jazz, banda que funde Hip Hop, MPB (música popular brasileira), jazz norte-americano e som cubano, compôs a canção ‘Quem ama não bate’ para homenagear as mulheres neste 8 de março. A música retrata a luta pelo fim da violência contra às mulheres e a garantia de seus direitos. (Acompanhe alguns trechos da composição abaixo)

Quem ama não bate! – Resumo do Jazz

(…)

Quem ama não bate, não humilha e não maltrata! (5x)

(…)

Quem ama não bate! Quem ama não mata! (8x)

(…)

Direito ao corpo;

Socialização do trabalho doméstico;

Reforma política e mais mulheres no poder;

Discriminalização do aborto, como direito de cidadania e questão de saúde pública;

Queremos um mundo sem violência;

Queremos viver dignamente, onde nosso lugar seja onde quisermos, onde não tenha nem papas nem juízes.

Serão as mulheres quem decidem;

Queremos mais mulheres negras em cargos de poder, onde elas estejam, reconhecidas por seu valor e não pela cor de sua pele.

(…)

Vamos mulherada

Sem medo da renúncia

Sua vida tem sentido

Quando se faz a denúncia.

Coragem é nossa arma

A luta é nossa chama

Que não se apaga enquanto

Tiver mulheres na liderança.

Vamos lutar

Para que a violência se acabe

Pois quem ama não bate

Quem ama não mata.

Quem ama não bate! Quem ama não mata! (8x)

Veja a letra completa em: http://goo.gl/0Ula4b

Ouça a música em: http://goo.gl/zKHnpD

Programação

7 de Março

Dia Internacional de Luta das Mulheres no ABCDMRR

9h – Concentração na Praça Brasil, em São Bernardo. Todas estão convocadas

9h30 – Futebol das Minas (ABC)

10h – Poesias de Carina Castro

10h30 – Caminhada pela R. Marechal Deodoro até Praça da Matriz

11h – Atividades na Praça da Matriz, após caminhada

8 de Março

• 10h – Ato Unificado do Dia Internacional da Mulher – Vão Livre do Masp – SP

Haverá ônibus na Sede, às 8h30, e na Regional Diadema, às 9h. Todas estão convocadas

• 16h30 – Solenidade de Abertura do 8º Encontro Estadual de Mulheres da CUT/SP

9 de Março

• 9h – 8º Encontro Estadual de Mulheres da CUT/SP – Abertura dos trabalhos do dia

• 18h – Encerramento do 8º Encontro Estadual de Mulheres da CUT/SP, com eleição de 144 delegadas/os ao Encontro Nacional de Mulheres da CUT

Da Redação