Metalúrgicas do ABC recebem 24,9% a menos que homens na base, aponta estudo

A Subseção do Dieese do Sindicato lançou nesta quarta-feira, dia 6, estudo sobre o perfil da mulher metalúrgica do ABC com o objetivo de apresentar dados sobre emprego e remuneração média comparada, por exemplo. Para essa consolidação foram utilizados dados da RAIS (Relação Anual de Informações Sociais) 2021 e as variações mensais do CAGED (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) para 2022 e 2023.

Dentre os muitos pontos analisados, a valorização do trabalho e a equiparação salarial entre homens e mulheres na base ainda é gritante: as mulheres recebem 24,9% a menos do que os homens, o percentual mais elevado desde 2014. Segundo a pesquisa, entre 2008 e 2014 é possível observar um constante aumento dos salários das mulheres e redução da diferença entre os gêneros.

Esta trajetória foi interrompida pela crise econômica nos anos de 2015 e 2016, seguida pela Reforma Trabalhista em 2017 e, nestes anos, é possível observar menor distância entre os salários de homens e mulheres. A partir de 2020, ocorre a redução abrupta dos salários devido à pandemia do coronavírus.

Participação
Considerando a evolução das mulheres metalúrgicas na base em relação aos homens, em 2023 a participação aumentou para 17,1%, principalmente pela redução da quantidade de homens na categoria. Em 2006, a participação das mulheres na base era de 12,7%. A maior parte das metalúrgicas está ocupada em São Bernardo (10%), seguido de Diadema (5,6%), Ribeirão Pires (1,5%) e Rio Grande da Serra (0,1%).

O segmento que mais emprega mulheres em relação aos homens é a fabricação de equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos, com estimativa de 40,3%.
Já o segundo é o setor de máquinas, aparelhos e materiais elétricos, com 28,9% das metalúrgicas.

Em números
Em 2023, a base dos Metalúrgicos do ABC foi estimada em 67 mil trabalhadores, sendo 11,5 mil mulheres (17,1%) . Dentro deste universo de trabalhadoras, a grande maioria (64%) é de mulheres autodeclaradas brancas (7 mil, aproximadamente). Apenas 19,3% são autodeclaradas pardas e 11,5% (1,2 mil) não se identificam com este critério. Apenas 4,4% das mulheres se autodeclararam pretas, ante 0,8% amarelas e 0,1% indígenas.

O emprego das mulheres pretas e pardas está mais vinculado às alimentadoras de linhas de produção; o das mulheres brancas distribuído entre alimentadoras e serviços administrativos; já as trabalhadoras que se autodeclaram amarelas, predominam os serviços administrativos.