Metalúrgico do ABC que subiu a rampa com Lula é militante, trabalhador na Delga e DJ

A cerimônia de posse do presidente Lula, no dia 1º de janeiro, foi marcada pela presença de representantes do povo que subiram a rampa do Palácio do Planalto junto com o presidente da República, protagonizando um momento histórico nunca visto antes no país.

Foto: Ricardo Stuckert

Entre os escolhidos estava o metalúrgico do ABC, Weslley Viesba Rodrigues Rocha, de 36 anos, morador de Diadema, trabalhador na Delga e pai de dois filhos. Ele também é DJ do grupo de rap ‘A Fallange’ que traz letras de cunho social. Weslley se formou em Educação Física por meio do Fies (Financiamento Estudantil), além de ter concluído cursos técnicos na Escola “Dona Lindu” oferecidos pelo Sindicato em parceria com o Senai.

Admirador de Lula desde criança por influência dos pais, que inclusive estavam em Brasília acompanhando a posse e se emocionaram ao ver o filho subindo a rampa ao lado do presidente, o metalúrgico relata a importância da ocasião e suas expectativas com o governo que se inicia.

Tribuna Metalúrgica – Como você recebeu o convite e como se sentiu?

Weslley – Me ligaram do Sindicato, a princípio achei que era algo relacionado à cultura. Quando o Moisés (presidente do Sindicato) me convidou disse “você vai entrar pra história”.  Fiquei emocionado, foi uma grande honra.

TM – O que significou para você essa cerimônia de posse?

Weslley – Foi um momento único, vou lembrar pela vida toda. Meus filhos quando pegarem um livro de história vão me ver lá. Tenho um filho de 18 anos e um de 2 meses. Por conta do bebê eu não iria na posse, mas foi coisa do destino, eu precisava estar lá.

TM – Você já havia encontrado com o presidente Lula em outubro de 2021 quando ele visitou a Delga. Como foi?

Weslley – Também foi um momento importante. Ele foi muito bem acolhido lá na Delga, lá é uma fábrica politizada, bem-organizada.

TM – Qual sua trajetória na militância?

Weslley – Minha consciência política vem ainda antes de eu ser sindicalizado, se deu por conta do meu envolvimento com a cultura e também por influência da minha mãe que é uma liderança comunitária e é do PT. Minha mãe conta que desde criança eu já dizia que ia votar no Lula.

TM – Poucos dias após a emoção da posse já vieram os atos golpistas em Brasília. Como você está vendo isso?

Weslley – Me apego muito naquela poesia do Sérgio Vaz que diz que a briga tem hora para acabar, mas que a luta é para vida toda. A história da classe trabalhadora nunca teve moleza e tudo o que temos foi conquistado com muita luta. Essa luta não é minha, não é de hoje, custou vidas, custou empregos.

TM – O que você espera desse governo?

Weslley – Espero que seja um governo de muito diálogo, que consiga reverter os retrocessos que retiraram direitos da classe trabalhadora e retomar políticas industriais, e nosso Sindicato terá um papel importante nisso. Também espero que a classe trabalhadora seja sempre consultada quando forem tomadas medidas que alterem o rumo das nossas vidas.

Foto: Adonis Guerra

TM – Fale um pouquinho do seu trabalho como rapper, vocês abordam sempre temas sociais nas letras, certo?

Weslley – A gente tem pesquisado muito e tem trazido discussões nas letras sobre assédio, machismo, culto ao corpo e padrões de beleza. Apesar de ser difícil discutir certas coisas por meio da música, seguimos na contramão da indústria cultural.

TM – Qual recado quer deixar para a categoria sobre os desafios futuros?

Weslley – Queria dizer que todos nós somos importantes, aquele simbolismo das pessoas subindo a rampa passou essa mensagem. São as nossas mãos que constroem e ajudam a manter este país, temos que acreditar e sonhar.

TM –  Gostaria de acrescentar algo?

Weslley – Queria agradecer principalmente à minha esposa Brenda que esteve ali na contenção no dia da posse. Ela que é bacharel em Serviço Social também pelo Fies, e nos conhecemos em um ato ‘Fora, Bolsonaro’, no dia 02 de agosto de 2021.