Metalúrgicos apoiam manifestação dos petroleiros na Bahia

Categoria luta por direitos, empregos, soberania e contra venda da refinaria Rlam à empresa nos Emirados Árabes

Foto: Divulgação

O presidente da CUT, Sérgio Nobre, o secretário-geral do Sindicato, Moisés Selerges, e o diretor executivo dos Metalúrgicos do ABC e presidente da IndustriALL Brasil, Aroaldo Oliveira da Silva, participaram do ato dos petroleiros na Bahia, no município de São Francisco do Conde, na manhã de ontem. A ação reuniu dirigentes das centrais sindicais, de movimentos sociais e de diversas categorias, além de parlamentares.

A paralisação marcou a posição dos trabalhadores contra a venda da Rlam (Refinaria Landulpho Alves), do sistema Petrobras, à empresa Mubadala Capital, de Abu Dhabi, nos Emirados Árabes. Além da Bahia, petroleiros realizaram várias manifestações pelo país em defesa da estatal. 

“Essa é uma luta da classe trabalhadora brasileira. Essa greve é importante para todo o país, defende empregos, a Petrobras e mais, a soberania. É muito emblemática e importante para denunciar como esse governo faz tudo para precarizar a vida dos trabalhadores, ao atacar a soberania de uma nação por meio da privatização, da venda de empresas estratégicas”, afirmou Sérgio Nobre.

“Não vamos aceitar que os bens mais valiosos da nossa soberania sejam passados à iniciativa privada, que só pensa em lucro e não tem nenhum compromisso com a classe trabalhadora e o desenvolvimento do país”, complementou.

O presidente da CUT lembrou que a Petrobras representa, sozinha, 70% dos investimentos que entram no país, que é uma estatal lucrativa, e que nenhuma nação no mundo privatizaria uma empresa como essa.

Impactos

Segundo o coordenador da FUP (Federação Única dos Petroleiros), Deyvid Bacelar, o objetivo é denunciar os impactos negativos que as privatizações das refinarias, terminais e sistema logístico da Petrobras representam, com prejuízo para a população e para o país.

“A venda da RLAM e de outras refinarias pode criar monopólios regionais privados, e isso vai aumentar ainda mais os preços dos combustíveis. Se já tivemos quatro aumentos na gasolina por conta da atual política de preços, esses aumentos serão ainda mais excessivos caso tenhamos investidores internacionais controlando o mercado e determinando o preço ao seu bel prazer”, reforçou.

“Além dos impactos para os trabalhadores, tanto próprios quanto terceirizados, há também os impactos com relação aos municípios e estados onde essas unidades estão instaladas por conta da redução de arrecadação”, frisou.

Ainda segundo o coordenador, após a movimentação de ontem, a diretoria da Petrobras reabriu espaço para negociação.

“Conseguimos pressionar a empresa e movimentar uma peça no tabuleiro, a diretoria sinaliza a retomada das negociações com relação à pauta que entregamos”.

A preço de banana

Somente em 2019, o governo de Bolsonaro vendeu R$ 70,9 bilhões em ativos da Petrobras, a maior empresa estatal do país, que já teve mais de 16% de suas ações repassadas à iniciativa privada desde 2018, depois do golpe que destituiu a presidenta Dilma Rousseff.

Com base em dados do Ineep (Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis), divulgados pela FUP, a Landulpho Alves vale US$ 4 bilhões, mas está sendo entregue à empresa Mubadala Capital por US$ 1,65 bilhão.

A Rlam

A Landulpho Alves tem 70 anos, foi a primeira refinaria do Sistema Petrobras e a segunda do país em capacidade. Tem 900 trabalhadores diretos e 1,7 mil terceirizados.

Com informações da CUT