Metalúrgicos articulam encontro inédito sobre integração produtiva do setor naval no Mercosul
Atividade em Buenos Aires reuniu, pela primeira vez, em 34 anos de debates sobre o Mercosul, sindicalistas, empresários, universidades e governos do Brasil, Argentina, Chile e Uruguai.

Encontro realizado na Faculdade de Engenharia da UBA (Universidade de Buenos Aires), em Buenos Aires, na Argentina, no último dia 5, reuniu, pela primeira vez em 34 anos de debates sobre o Mercosul, academia, trabalhadores, empresários e governos para discutir a integração produtiva no Mercosul, com foco no setor naval. O debate foi proposto e articulado pelos metalúrgicos da CUT.
O secretário de Relações Internacionais da CNM/CUT (Confederação Nacional dos Metalúrgicos) e membro do CSE na Mercedes, Maicon Michael Vasconcelos, explicou como surgiu a ideia e destacou a relevância da iniciativa.
“Ela nasceu da percepção dos metalúrgicos da CUT sobre a necessidade de debater a integração produtiva da região para fortalecer nosso parque industrial e nos proteger de influências externas que podem debilitar ou impedir o desenvolvimento de nossas atividades industriais. Esse entendimento foi aprovado no último congresso da CNM/CUT”.
“Com as recentes intervenções do governo estadunidense do Trump, atendendo aos pedidos de traidores da nação, como os Bolsonaros e seus aliados, que querem colocar o Brasil como capacho dos EUA atentando contra nossa soberania nacional, a necessidade se comprovou. Uma ação de extrema importância que tivemos o imenso prazer e a satisfação de articular”, complementou.
Por que o setor naval?
O excedente de produção do setor naval do Brasil, por exemplo, conforme detalhou o dirigente, vai para a Ásia. Mas, com a articulação desses atores, o destino poderia ser outro. “Se houver articulação, se trabalharmos juntos, podemos fortalecer nossa indústria, desenvolver a dos nossos parceiros, dos nossos vizinhos e da região. A ideia é que esse excedente fique na América do Sul. Temos um setor naval desenvolvido e que precisa ser integrado a essa lógica regional”.
“Estamos falando do jogo do ganha-ganha, porque, não indo esse excedente para a Ásia, além de desenvolver o mercado regional, o Brasil também amplia sua área de ação e de comércio, abrindo novas oportunidades, inclusive para a fabricação de novos navios dentro do espaço nacional”, completou.
A proposta, segundo Maicon, é avançar também nos setores aeroespacial, nuclear e automotivo.

Passos seguintes
O dirigente afirmou que a pauta será incorporada à agenda do governo brasileiro, que se comprometeu a promover um encontro virtual para aprofundar essa proposta. Outro passo é a criação de uma plataforma técnica conjunta, a ser desenvolvida por universidades e centros tecnológicos dos quatro países.
“Também há questão da formação de quadros sindicais, a ideia é criar um percurso formativo integrado pelo movimento sindical regional. É necessário que a militância, os diretores e os futuros quadros sindicais tenham essa perspectiva da integração produtiva regional desde o início de sua formação política”.