Metalúrgicos barram reforma Trabalhista

Fotos: Adonis Guerra

Na noite de ontem, os Metalúrgicos do ABC, em assembleia geral na Regional de Diadema, aprovaram a Convenção Coletiva de Trabalho, a CCT, a reposição da in­flação de outubro a setembro de 1,73% negocia­dos pela Federação Estadual dos Metalúrgicos da CUT, a FEM-CUT, com os sindicatos patro­nais Estamparia, Fundição, Sicetel, Siescomet, Sinafer, Simefre, Sianfesp e Sindratar.

O acordo assinado mantém todas as cláu­sulas sociais firmadas na última Convenção e inclui a cláusula de salvaguarda que assegura aos trabalhadores que as alterações na CLT, previstas pela reforma Trabalhista não sejam aplicadas, sem que haja negociação com o Sindicato. (Confira a cláusula de salvaguarda abaixo).

Já o reajuste salarial foi negociado com base na reposição da inflação e será aplicado sobre os salários vigentes em 31 de agosto de 2017.

“A cláusula de salvaguarda é primordial ao nos proteger dos ataques da terceirização e da reforma Trabalhista”, afirmou o presidente do Sindicato, Wagner Santana, o Wagnão.

“A reforma diz que eles podem formar uma comissão de trabalhadores independente de sindicato, fazer acordo individual, pode contra­tar MEI (microempreendedor individual) e PJ (pessoa jurídica) para trabalhar na fábrica”, aler­tou. “Com essa salvaguarda, mais importante do que a reposição da inflação, é a garantia dos direitos que estão estabelecidos na Convenção”, prosseguiu.

O presidente da FEM-CUT, Luiz Carlos da Silva Dias, o Luizão, explicou que os grupos que apresentaram propostas de renovação das Convenções Coletivas também concordaram com a salvaguarda.

“O motivo da demora da negociação foi para que a gente chegasse a um entendimento que impedisse a retirada de direitos dos trabalha­dores”, contou. “A salvaguarda impede que atro­cidades sejam implantadas na nossa categoria”, afirmou.

O coordenador da Regional Diadema, Claudionor Vieira do Nascimento, ressaltou a importância do acordo neste momento. “Sobre­tudo por conta da retirada de direitos que está sendo imposta com a reforma Trabalhista e da terceirização, precisamos, mais do que nunca, assinar a Convenção Coletiva que dê conta dos metalúrgicos do ABC e do estado São Paulo”, afirmou.

A secretária da Mulher na FEM-CUT e CSE na Apis Delta, Andrea Sousa, a Nega, explicou como a mesa de negociação na Campanha Sa­larial muda a vida dos trabalhadores.

“Desde a água potável na fábrica, o paga­mento no mês, auxílio creche, tudo isso é con­vencionado, nada é dado pelos patrões. Muitas mulheres e homens fizeram a luta e que agora estamos defendendo a Convenção com unhas e dentes”, disse.

 

TRABALHADORES TAMBÉM APROVAM GREVE NO G3, G10 E SINDICEL

Durante assembleia realizada ontem na Regional de Diadema, os companheiros também apro­varam a paralisação nas fábricas do Grupo 3, 10 e do Sindicel, por conta dos três grupos patronais não terem apre­sentado nenhuma proposta que contemplasse às ex­pectativas da categoria.

“O G10 concorda em renovar a Convenção e aplicar o INPC, mas não assina a salvaguarda. Já o Sindicel adotou a postura de retirada de direitos e não apresentou nenhuma propos­ta”, disse o presidente da FEM-CUT, Luiz Carlos da Silva Dias, o Luizão.

Segundo ele, com o G3 foi uma das piores negociações das que acompanhou nos últimos anos. “Vi­mos na bancada patronal a sanha dos patrões de retirar cláusulas historica­mente conquistadas pela categoria”, criticou Luizão.

“Vamos enfrentar a luta nesse momento complicado”, concluiu o dirigente da FEM-CUT.

Avisos de greve

Os avisos de greve foram entregues para os grupos que não apresentaram propostas, G3, G10 e Sindicel.

 

13 mil

Mais de 13 mil trabalha­dores na base conquistam acordo, com cláusula de sal­vaguarda contra a reforma Trabalhista.

• Estamparia

• Fundição

• Sindratar

• Subdivisões do Grupo 8

• Sicetel

(trefilação e laminação de metais ferrosos)

• Siescomet

(esquadrias e construções metálicas)

• Sinafer (ferros, metais e ferramentas)

• Sianfesp (artefatos de metais não ferrosos)

• Simefre (equipamentos ferroviários e rodoviários)

TOTAL:

13.856 metalúrgicos do ABC

 

CLÁUSULA DE SALVAGUARDA

Fica salvaguardado o DIREITO e o DEVER recíproco dos signatários deste ACORDO COLETIVO, para, a qualquer momento, por iniciativa de qualquer das partes, retornarem à mesa de negociação coletiva, a fim de discutirem e ajustarem questões gerais decorrentes da entrada em vigência de novas Leis, Medidas Provisórias, Decretos, Portarias e outros preceitos legais que venham a prejudicar, alterar, conflitar ou impedir a regular aplicação dos termos pac­tuados neste Instrumento Coletivo de Trabalho.

Os eventuais e pertinentes ajustes que se fizerem necessários entre as partes, serão lavrados em Termos de Aditamentos ao presente Acordo Coletivo de Trabalho, remetendo-se o instrumento à depósito para fins de registro e arquivo junto Gerência Regional do Trabalho Ministério do Trabalho e Emprego, em cumprimento ao Caput do artigo 614 da CLT.

Da Redação.