Metalúrgicos conhecem experiências da Indústria 4.0 na Alemanha

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Para conhecer a realidade da Indústria 4.0 na Alemanha, o diretor executivo dos Metalúrgicos do ABC, Wellington Messias Damasceno, e o secretário de Relações Internacionais da CNM/CUT (Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT), Maicon Michel Vasconcelos da Silva, visitaram, no início deste mês, fábricas no país onde surgiu o termo Indústria 4.0.

Os principais pontos observados durante a visita, articulada junto ao IG Metall, maior sindicato metalúrgico da Alemanha, foram a aplicação das novas tecnologias, não só nas grandes empresas, mas também nas de pequeno e médio porte; a forma de utilização dos dados; a qualificação dos trabalhadores e as políticas do governo voltadas para o fortalecimento industrial.

“Aqui fala-se muito que na Alemanha a Indústria 4.0 já está implementada, mas não é bem assim. Tem muita fábrica muito moderna, mas que ainda está em desenvolvimento, em fase de testes, experiências, negociações. Há até uma alta percepção dos trabalhadores de que as empresas não possuem estratégia para a I4.0. Por conta de cyber segurança/proteção de dados e sigilo industrial, alguns elementos fundamentais ainda estão longe de serem adotados, como IOT, a comunicação entre máquinas e armazenamento em nuvens”, contou Wellington.

Sobre a questão do mercado de trabalho, Maicon destacou que há perceptível atenção aos trabalhadores, principalmente em relação a melhor remuneração e redução da jornada de trabalho.

“Com a intervenção dos sindicatos garantidas nas mesas de negociações, as fusões que estão sendo feitas para aprimorar o processo de I4.0 garantem em alguns casos não somente uma melhoria salarial mas também a ampliação dos direitos dos trabalhadores. Os contratos coletivos que vimos ao redor das montadoras, de forma geral, valorizam a qualidade do serviço e a remuneração, além da redução da jornada de trabalho que em muitos lugares chega a 28 horas semanais, um dos principais ganhos do debate da I4.0 segundo os sindicalistas locais”, detalhou. 

Outro ponto destacado foi o fato de os jovens estarem bem inseridos na questão técnica desde cedo. “O alto grau de tecnologia e digitalização na formação, colocado desde cedo para os aprendizes, bem como os cursos de aperfeiçoamento aos trabalhadores já na ativa, propiciam um foco e um desenvolvimento maior do conceito 4.0. Mas o destaque principal é que os sindicatos têm papel central, não somente na elaboração, como também no acompanhamento e intervenção na aplicação desses processos, garantindo direitos”.

“A ideia é verificar o que está sendo feito e levar para o Brasil, por meio de debates, propostas e provocações referentes ao tema, para que também tenhamos condições de avançar, mas principalmente protegendo e fortalecendo a nossa indústria, defendendo os empregos, os trabalhadores e os salários”, finalizou Wellington.

Continua.