Metalúrgicos debatem desafios da Indústria 4.0 na UFABC
Ciclo de debates foi realizado ontem no campus Santo André da universidade e reforçou a importância da educação para o futuro da indústria nacional
Juntos, metalúrgicos do ABC, estudantes e professores da UFABC debateram ontem o tema “O papel da educação no desenvolvimento tecnológico”, no campus Santo André da universidade. A atividade integra o ciclo de debates “O ABC da Indústria 4.0” organizado pelo Sindicato.
O diretor executivo dos Metalúrgicos do ABC, responsável por Políticas Industriais, Wellington Messias Damasceno, explicou que o objetivo foi integrar trabalhadores e a universidade.
“É juntar e escutar tanto quem produz o conhecimento quanto quem vai utilizar o conhecimento na produção”, afirmou.
Em um momento de cortes dos investimentos na educação feitos pelo atual governo, a ideia é reforçar qual o projeto de país, o tipo de indústria e a base tecnológica que os trabalhadores defendem. “Isso tem tudo a ver com a educação, a ciência e a tecnologia. Debater esse tema também é debater o futuro dos empregos na indústria”, disse.
Outro tema fundamental é a disputa pelas novas tecnologias no mundo. “A disputa é quem vai ser exportador e quem vai ficar só comprando produção. Estamos preocupados com o desemprego e o futuro, queremos desenvolver tecnologia e qualificação profissional. É isso que vai garantir os empregos no Brasil”, defendeu.
O secretário-geral do Sindicato, Aroaldo Oliveira da Silva, apresentou dados sobre a dívida pública brasileira e as mentiras do governo para justificar as medidas que quer tomar. “Temos discutido muito sobre reforma da Previdência e vocês sobre educação. Os cortes nessas duas áreas vão contra o desenvolvimento do Brasil”, afirmou.
Sobre os desafios dos trabalhadores no avanço tecnológico, reforçou que a maior preocupação é sobre como será a vida do trabalhador neste contexto de desenvolvimento tecnológico.
“Vamos ter que dialogar muito com a sociedade e pautar quais serão nossas intervenções, prioridades, negociações coletivas, proteção e garantias sociais dos trabalhadores. Isso numa fase de ataque aos direitos e de retirada de investimentos na educação”, alertou.
“Como os trabalhadores e a sociedade vão entrar, de fato, neste novo mundo se o básico está sendo retirado nesse momento? Por isso, vai ser preciso fazer muita luta e resistência para manter os direitos fundamentais e avançar”, concluiu.
“O desenvolvimento tecnológico está ameaçado com os cortes do governo na educação. A universidade é onde mais de 90% da pesquisa são produzidas no país, onde são pensados os problemas e como melhorar a vida do povo. Não pode se iludir e achar que a saída é a privatização das universidades. Quem quer privatizar quer lucrar e quem quer lucrar não está pensando no bem do país”, aluna e vice-presidenta do DCE (Diretório Central dos Estudantes) UFABC, Laura Passarella Carajoinas.
“A falta de entendimento entre as universidades e as indústrias é absolutamente improdutiva para o desenvolvimento tecnológico, industrial, econômico e social. Quando as mulheres entram mais na universidade, passa-se a estudar mais políticas para as mulheres. Quando os negros entram, passa-se a estudar mais sobre negros. E quando os metalúrgicos chegam à universidade, a tendência é estudar mais sobre a indústria”, professora e presidenta da Adufabc (Associação dos Docentes da UFABC), Maria Carlotto.
“É nosso papel desenvolver canais de pesquisa e extensão de desenvolvimento de tecnologia para que a sociedade tenha cada vez mais canais de integração conosco. Há um dogma de que a indústria tem uma forma de pensar e a universidade tem outra, isso não é verdade. Existem limitações, mas temos interagido com a indústria. A universidade está aberta e é papel da universidade fazer parte da sociedade”, professor e vice-reitor da UFABC, Wagner Carvalho.