Metalúrgicos defendem empregos no Brasil em ato hoje
(Foto:Edu Guimarães)
Os metalúrgicos do ABC estão convocados para ato hoje, às 14h, em defesa do conteúdo local para geração de empregos e o crescimento do Brasil. A manifestação será em frente ao BNDES, na Juscelino Kubitscheck, 510, em São Paulo.
O BNDES está abrindo mão do conteúdo local nos contratos de financiamento, além da Petrobras e das montadoras que também querem acabar com a exigência da produção nacional.
O ato integra o Dia Nacional de Luta e Paralisações em Defesa dos Direitos chamado pela CUT e demais centrais sindicais contra as reformas previdenciária e trabalhista e contra o congelamento de verbas para a educação e saúde pelos próximos 20 anos com a Proposta de Emenda à Constituição, a PEC 55, antiga 241, que ameaça direitos básicos da Constituição.
PEC 55
As ameaças de retrocessos com a aprovação da PEC 55 foram debatidas na segunda-feira, dia 21, no Conselho da Executiva do Sindicato. A Proposta já foi aprovada na Câmara e deve ser votada em primeiro turno no Senado no próximo dia 29.
Em convênio entre a Federação Estadual dos Metalúrgicos da CUT, a FEM-CUT, e a Universidade Federal de São Carlos, a UFSCar, a pós-doutora e professora de ciências políticas Vera Alves Cepêda participou do debate e explicou o contexto histórico da medida.
“A retirada de direitos fundamentais que estão na Constituição de 88 é reacionária. Fazer isso sem discutir com o conjunto da sociedade pode caracterizar um viés fascista, que entra em choque com os direitos e as regras e vai atropelando os indivíduos”, afirmou.
A professora lembrou que a trajetória do País foi marcada por golpes. “O Brasil historicamente tende mais ao autoritarismo do que à democracia. A primeira república nasceu de um golpe, seguida por uma democracia pervertida controlada por latifundiários, o golpe de 30, a ditadura militar”, destacou.
“O que está em jogo neste momento é o pacto social construído com a Constituição de 88, em três pontos fundamentais: direitos civis, políticos e sociais”, alertou.
Vera explicou que os direitos civis englobam o corpo, trabalho, liberdades e capacidades, como o direito a manifestação, que foram gravemente afetados durante a ditadura no País. Entre os avanços nos direitos políticos está o direito ao voto dos analfabetos, em um período que representavam mais da metade da população brasileira.
“A Constituição também ampliou os direitos sociais, como educação e saúde, que são os dois fatores que pesam mais na cesta dos trabalhadores, e não das elites. Essas políticas públicas no Brasil se tornaram o centro do projeto de governo de Lula e Dilma”, disse.
“O que o governo fez nos últimos anos foi usar recursos públicos, que é o que o cidadão paga com impostos, para produzir bem estar público e essa é a natureza da crise”, analisou.
INTERESSES DAS ELITES
De acordo com a professora, setores da elite conservadora viram qual seria o próximo passo para avançar nas políticas públicas.
“Isso significa que, se durante 13 anos pudemos fazer políticas públicas sem mexer na estrutura tributária, sem taxar grandes fortunas, sem aumentar e diferenciar alíquotas de impostos, sem redistribuir os mecanismos de ganhos, isso não pode ser feito para sempre”, explicou. “A elite quis impedir o processo das reformas de base”, continuou.
MEXICANIZAÇÃO
O coordenador do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos, o Dieese, Fausto Augusto Junior, afirmou que o congelamento dos gastos previsto na PEC não dará conta das necessidades do País.
“Se a PEC estivesse em vigor, o orçamento da educação seria 53% menor e o da saúde, 70%. Querem dizer que o problema é de despesa, mas 40% é para pagamento de juros e não está na Proposta nenhum limite de gastos com juros”, disse.
Fausto avaliou que a tendência neste cenário é a ‘mexicanização’ no País. “Isso significa redução drástica dos salários, concentração acentuada da riqueza e marginalização da sociedade”, concluiu.
Da Redação