Metalúrgicos do ABC aprovam aumento real de 2% por empresas e iniciam paralisações nas fábricas onde não houver acordo

Acordo é fechado com as empresas que chegarem ao reajuste de 6,14%, que corresponde a 4,06% de INPC mais 2% de aumento real. Categoria segue mobilizada para conquistar reajuste digno em todas as fábricas da base

Foto: Adonis Guerra

Em Assembleia Geral de Campanha Salarial na Regional Diadema, na noite de ontem, os metalúrgicos e metalúrgicas do ABC aprovaram os acordos negociados pelo Sindicato com as empresas que chegarem ao reajuste de 6,14%. O valor corresponde a 4,06% de INPC mais 2% de aumento real. Com a aprovação, são 9,7 mil metalúrgicos e metalúrgicas do ABC com acordo (confira tabela com as empresas).

Foi aprovada a contribuição negocial de 4%. As empresas que chegaram ao acordo também farão a renovação da Convenção Coletiva de Trabalho. Também foi aprovada autorização para que o Sindicato feche acordo com as demais empresas dentro dos mesmos parâmetros. Nas demais empresas, o Sindicato inicia hoje as paralisações para pressionar os patrões, conforme votado pela companheirada.

Foto: Adonis Guerra

O presidente do Sindicato, Moisés Selerges, destacou que a postura do patronal tem sido de desrespeito e lembrou que a luta segue sendo de todos. “Algumas empresas tiveram a responsabilidade de atender a pauta dos trabalhadores, já outras argumentam que não podem fechar acordo sem o sindicato que as representa. Mas se a empresa quer fechar o acordo, que peça para o sindicato dela. Deixamos claro todos os motivos para justificar o aumento, a economia está melhorando, a expectativa é que o PIB seja maior no ano que vem. Qual é a justificativa para não dar o aumento?”, argumentou.

“Essa não é uma luta insana, é uma luta pela vida que passa pelo salário. Será que nós que acordamos cedo e produzimos a riqueza não merecemos respeito? A postura dos patrões está sendo de desrespeito. Essa luta é de todos nós. Temos que manter a unidade, mesmo que algumas empresas tenham fechado acordo, o problema continua sendo de todos”.

Foto: Adonis Guerra

Disposição de luta

O secretário-geral da FEM-CUT (Federação Estadual dos Metalúrgicos da CUT), Ângelo Máximo Pinho, o Max, ressaltou a disposição de luta. “O patronal continua com a mesma postura desde o início das negociações. Nossa mobilização enriquece muito o papel do movimento sindical e o da Federação. Com certeza, com a disposição de luta de vocês vamos buscar os 2% de aumento nas demais empresas”. 

Foto: Adonis Guerra

O coordenador da Regional Diadema, Antonio Claudiano da Silva, o Da Lua, frisou a necessidade de parar as máquinas para aumentar a pressão. “Infelizmente os patrões estão de brincadeira e não temos um acordo apresentado pelas bancadas. Para as empresas que ainda não chegaram aos 2%, vamos cruzar os braços, porque precisamos recuperar as perdas do período e fazer com que nosso salário seja valorizado”.

Foto: Adonis Guerra

O coordenador da Regional Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra, Marcos Paulo Lourenço, o Marquinhos, falou em responsabilidade. “Este Sindicato tem tanta responsabilidade com os empregos, com a região que nossos diretores estão sempre em Brasília negociando políticas para o ABC. Mas a responsabilidade do lado das empresas não vem. Nossa responsabilidade é com vocês e as empresas que não chegarem a 2% vamos parar, estamos juntos nessa luta.”

Foto: Adonis Guerra

O coordenador de São Bernardo, Jonas Brito, destacou o empenho da assessoria que ficou no pé das fábricas, principalmente naquelas onde não há representante sindical, para conseguir fechar o acordo. “O que presenciamos nesses últimos dias foi o descaso por boa parte dos patrões, as empresas principais são as que estão dando mais trabalho. O recado é claro: parar essas fábricas para arrancar o aumento real do qual não vamos abrir mão”.