Metalúrgicos do ABC aprovam aviso de greve Assembléia de trabalhadores rejeitou neste domingo índice de 0,5% de aumento real proposto pelas montadoras

Mais de cinco mil trabalhadores rejeitaram, na manhã deste domingo (31), o índice de reajuste salarial proposto pelo Sinfavea (Sindicato Nacional das Indústrias de Veículos Automotores) de 0,5% de aumento real. Em assembléia que lotou a rua do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo, foi aprovado aviso de greve, que será encaminhado às montadoras nesta segunda-feira (1º).

Após 48 horas do aviso de greve protocolado, os trabalhadores estarão respaldados legalmente para iniciar paralisações nas fábricas.

O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Sérgio Nobre, lembrou, em seu discurso, o excelente momento econômico vivido pelo País e os consecutivos recordes de produção e vendas das empresas. O dirigente destacou também a importância de a categoria conquistar, nesta data-base, o direito de o trabalhador ser liberado pelos patrões para passar por processo de formação sindical.

Outro ponto do qual a categoria e o sindicato não abrem mão nesta data-base é um significativo reajuste no piso da categoria, para evitar a rotatividade que hoje já passa dos 40%, apesar da economia forte. O presidente do sindicato não mencionou índices. “Queremos tudo que temos direito, o máximo”, afirmou.

“O momento econômico é bom, mas nunca há negociações fáceis porque os patrões sempre têm uma desculpa para não dar aumento real de salário, por isso a categoria tem de se manter organizada, mobilizada e, se preciso for, iniciar o processo de luta,que prevê a greve como instrumento legítimo de reivindicação”, afirmou Sérgio Nobre, sob a aprovação unânime dos trabalhadores.

O Sindicato dos Metalúrgicos do ABC tem 100 mil trabalhadores em sua base (São Bernardo, Diadema, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra), patamar que foi atingido em junho. Em 2003, quando Lula assumiu o seu primeiro mandato na Presidência da República e após a desastrosa política neoliberal de Fernando Henrique Cardoso, a categoria tinha 77 mil trabalhadores.

A marca de 100 mil representa um crescimento de 28,8% no número de empregos na base em comparação a 2003, num total absoluto de 22.325 trabalhadores contratados na categoria, aumento que também é resultado da luta do sindicato e da categoria.

 “Nunca vi uma campanha salarial tranqüila, pois os patrões só cedem debaixo de luta”, finalizou Sérgio Nobre.