Metalúrgicos do ABC aprovam proposta de 9% negociada com o Grupo 3 e renovação da CCT até 2024
FEM/CUT entregará avisos de greve para as bancadas patronais que não avançarem nas propostas até amanhã
Em Assembleia Geral de Campanha Salarial, na noite de ontem, na Regional Diadema, os metalúrgicos do ABC aprovaram a proposta negociada com a bancada patronal do G3(Sindipeças, Sindiforja e Sinpa) de 9% de reajuste e renovação das cláusulas sociais até 2024. Este ano o INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor) fechou em 8,83%. O reajuste aprovado é retroativo a 1º setembro.
Os demais grupos não avançaram nas propostas. A categoria definiu que o índice aprovado em assembleia é parâmetro para os demais grupos. Os sindicatos patronais que não apresentarem novo reajuste até amanhã receberão aviso de greve da FEM/CUT (Federação Estadual dos Metalúrgicos da CUT).
O presidente do Sindicato, Moisés Selerges, relembrou o processo de mobilização nas fábricas durante toda a Campanha Salarial.

“É preciso fazer um resgate desse processo de negociação. Foram feitas dezenas de assembleias na base. Nossa conversa não se faz só na assembleia, mas no dia a dia das fábricas com os Comitês Sindicais. A princípio a proposta era de parcelamento e de antemão já reprovamos porque a inflação já tinha corroído nossos salários. É lógico que queríamos que fosse muito acima disso, mas depois de tanta negociação foi o reajuste possível diante dessa situação difícil em que o país se encontra”.
O secretário-geral da Federação, Ângelo Máximo de Oliveira Pinho, o Max, destacou o tema da campanha “Juntos pela Reconstrução dos Direitos, dos Salários, da Democracia e do País” e parabenizou a mobilização dos companheiros e companheiras nas empresas.

“Não foi possível avançar em todos os grupos patronais, mas com a mobilização que vocês demonstraram, conseguimos derrubar todas as propostas de parcelamento de INPC, esse foi um avanço muito importante nesse processo conjunto. A negociação também garantiu a renovação de todas as cláusulas sociais que estavam ameaças pelos patrões, como a garantia de emprego ao acidentado”.
Luta das mulheres
A coordenadora da Comissão das Metalúrgicas do ABC, Maria do Amparo Ramos, reforçou a importância das cláusulas sociais para as mulheres.
“Muitas mulheres aqui que são mães e chefes de família sabem como é importante a Convenção Coletiva de Trabalho que garante direitos como licença maternidade de 180 dias e auxílio creche. Vejo a Convenção como uma ilha cheia de jacarés em volta querendo comer nossos direitos. Precisamos sempre lutar por ela”.
Nenhum passo atrás
O coordenador da Regional Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra, Marcos Paulo Lourenço, o Marquinhos, ressaltou a importância da mobilização. “Mostramos por meio da nossa mobilização que não vamos aceitar parcelamento do INPC, também deixamos claro que não vamos dar passo atrás e perder nenhum direito garantido pela CCT”.
O coordenador de São Bernardo, Genildo Dias Pereira, o Gaúcho, falou sobre a força da Federação e dos trabalhadores diante das afrontas do patronal. “Muitas vezes tivemos que ouvir dos patrões em forma de cinismo que o INPC tinha que ser parcelado. Foi isso que nossa Federação encontrou diante dos grupos patronais, mas tivemos sabedoria para encarar e combater esse cinismo”.
Para o coordenador da Regional Diadema, Antônio Claudiano da Silva, o Da Lua, a unidade foi fundamental. “Se tem proposta, é porque os trabalhadores mostraram como estavam indignados. Estamos vivendo no Brasil um momento muito difícil para o povo, mas a FEM/CUT, junto com os trabalhadores, fez um esforço para conseguir algo que pudesse ser apresentado”, concluiu.
Na assembleia os trabalhadores também aprovaram a contribuição negocial.