Metalúrgicos do ABC celebram diversidade e igualdade ao lançar Comissão LGBTQIAPN+
Nova comissão do Sindicato estará à frente da luta para que nenhum trabalhador seja discriminado por sua orientação sexual. Orientação é ter orgulho!
Os Metalúrgicos ABC abraçam de vez mais uma causa tão urgente na sociedade brasileira e também na categoria com a criação da Comissão LGBTQIAPN+. O evento de lançamento ocorreu na manhã do último sábado, 29, na Sede. A atividade contou com a participação da vereadora Duda Hidalgo – primeira parlamentar assumidamente LGBT a ocupar uma cadeira na Câmara Municipal de Ribeirão Preto – e com apresentação artística da cantora trans Carla Rangell.
O presidente do Sindicato, Moisés Selerges, valorizou a criação da Comissão, parabenizou as companheiras e companheiros envolvidos e destacou o amor como sentimento crucial para consolidar o projeto da classe trabalhadora.
“O amor liberta, o amor é revolucionário. Ele é a base mais importante para alcançarmos nosso projeto que é ser feliz. Sejam bem-vindos, parabéns à Comissão. Vou cobrar todas as comissões de cidadania do Sindicato, que são fundamentais para a base do nosso projeto. Boa sorte para todos nós!”.
Respeito ao ser humano
A coordenadora dos coletivos, Andrea de Sousa, a Nega, destacou a comissão como uma ferramenta fundamental na luta pela igualdade e democracia, contou que há alguns anos têm ocorrido conversas para efetivar a criação dessa Comissão, que metalúrgicos e metalúrgicas foram se envolvendo e trazendo suas contribuições para que ela, enfim, se materializasse e pediu a participação de toda a categoria.
“Para nós é uma honra muito grande esse lançamento. Me coloco nesse lugar, estou aprendendo muito para que possamos juntos destravar e contribuir nessa luta. Contamos com vocês, levem esse diálogo para a fábrica. Não é uma questão de orientação sexual, é uma questão de respeito ao ser humano”.
“Essa comissão terá o compromisso de fazer com que essa engrenagem se torne forte, robusta para que outras pessoas enxerguem que o Sindicato também é um lugar para ser ocupado pela comunidade LGBT. Nós, Metalúrgicos do ABC, vamos também ter essa engrenagem para um mundo melhor, mais igualitário e mais fraterno”.
Questão de Orgulho
O metalúrgico escolhido para ser o coordenador dessa comissão é o trabalhador na Otis, Arthur França. Ele compartilhou um pouco da sua vivência ao lembrar o acolhimento que recebeu do pai quando revelou ser gay e relembrou um pouco da história de luta, surgida em 1969, que deu origem ao “Orgulho Gay”. Naquele período essa população era ainda mais marginalizada do que é hoje e houve muito confronto para que essa comunidade pudesse falar em “orgulho”.
“Fizemos questão de fazer a nossa inauguração em junho, internacionalmente conhecido como o mês do orgulho. Até então, as pessoas se sentiam, como se sentem muitas vezes até hoje, com vergonha. Vergonha de andar de mãos dadas, de fazer um carinho, de falar que é LGBT. Foi após a revolta de Stonewall, um bar que atendia a população LGBT, em 1969, quando parou a vergonha e se tornou o orgulho”.
“Não queremos mais que você, LGBT que está na fábrica, se sinta sozinho. Estamos aqui, temos uma comissão. Você não precisa mais ouvir piada, não precisa mais ouvir discriminação e ficar com medo. A partir do momento que mexer com um de vocês, mexeu com todos nós”.
Para o coordenador, a inauguração da Comissão mostra compromisso e abre espaço para discussão das lutas, direitos e acolhimento. “A história está sendo escrita novamente e dessa vez do lado da inclusão, do amor e do respeito”.
Sair do armário
A vereadora Duda Hidalgo explicou a origem da expressão “Sair do armário” e ressaltou o dever de todos ao respeito. “Aqui no Brasil, começamos a utilizar ‘sair do armário’, que significa se assumir sexualmente, não ficar mais escondido. Nós não queremos que nada além de coisas ruins estejam dentro do armário, para que todes tenham o direito de viver, o direito à vida, o direito de amar da melhor forma, da forma como se sente bem. E é um dever de todos, o respeito, não só dos Metalúrgicos ABC, mas de toda a sociedade”.