Metalúrgicos do ABC defendem veículo híbrido etanol para aproveitar as potencialidades do país

Ideia é expandir o debate para outros estados e fazer uma transição justa e gradual que gere empregos

Foto: Sindicato dos Metalúrgicos de Taubaté

Os Metalúrgicos do ABC participaram da quarta e última etapa do ciclo de debates “Híbrido Etanol: o Motor do Futuro”, com o tema “O Novo Ciclo do Etanol”, no último dia 23, no Parque Tecnológico de São José dos Campos, interior de São Paulo.

O evento, apoiado pelo Sindicato, organizado pela FEM/ CUT (Federação Estadual dos Metalúrgicos da CUT), Única (União da Indústria de Canade-Açúcar) e pelo CEMPEQC (Centro Multidisciplinar de Pesquisa em Combustíveis, Biocombustíveis, Petróleo e Derivados), reuniu empresários do setor, universidades, poder público e privado, além de representantes dos trabalhadores.

Durante todo o ciclo foram discutidos, entre outros temas, como melhorar a eficiência do etanol; cumprir acordos de descarbonização; impactos nos empregos e na cadeia produtiva; reconversão de empresas e incentivo à pesquisa e ao desenvolvimento

local.

O diretor administrativo do Sindicato, Wellington Messias Damasceno, mediador do segundo painel “O que pode ser feito de hoje até2030?”, destacou o modelo defendido com foco na preservação de empregos, um veículo híbrido que utilize motor elétrico, mas também à combustão com etanol para aproveitar as potencialidades do país.

 “A importação de carro elétrico acaba com toda a cadeia produtiva e não gera empregos no Brasil. Se tivermos a produção de um carro elétrico com uma transição brusca, 60% da cadeia de fornecimento pode ser eliminada com risco de o impacto ser maior porque grande parte desses insumos, as peças eletrônicas, não são produzidos no Brasil”.

 “É estratégico pensar essa transição com produto genuinamente brasileiro, o etanol, que cumpre os pactos e acordos de redução e emissão de poluentes, trata da questão da descarbonização e ainda com potencial de desenvolver um produto com a nossa cara”, prosseguiu.

Transição justa e gradual

Foto: Sindicato dos Metalúrgicos de Taubaté

Segundo o dirigente, essa tecnologia precisa ser elaborada de forma gradual. “É preciso uma transição com menor impacto nos trabalhadores, com mais tempo para defendermos alternativas alinhadas ao mercado nacional. Não temos infraestrutura para fazer a troca de uma vez. Também, na lógica da eletrificação, vamos precisar preparar socorrista, manutencista e outros profissionais”.

“Pelas desigualdades regionais, o Brasil não terá, em curto prazo, condições para carregamento do carro elétrico em todos os estados.

Por isso a proposta de aproveitar uma estrutura que já existe, são os postos de combustíveis, para abastecer os carros com combustível brasileiro, gerando menos CO2 e com menor impacto nos empregos, mas também com a oportunidade de desenvolver essas novas tecnologias adaptáveis ao Brasil”, completou.

Foto: Sindicato dos Metalúrgicos de Taubaté

Papel do governo

É preciso que o governo entre de forma propositiva nesse debate. O papel do governo não é zerar o imposto de importação, como tem feito, é induzir o desenvolvimento dessas tecnologias no Brasil e tentar popularizar esse modelo”, defendeu.

Universidade e empresas

Outro ponto levantado é a necessidade de aproximar das empresas as soluções desenvolvidas dentro das universidades para que esses projetos possam, de fato, serem utilizados e entrar numa escala de produção.

Nacionalização do de bate

Todo esse ciclo de debates foi realizado no estado de São Paulo, segundo o dirigente, a ideia agora é que a discussão seja nacionalizada. Paraná, Santa Catarina e Pernambuco já sinalizaram para a realização de discussões locais.