Metalúrgicos do ABC discutem eletromobilidade no Brasil

 

Foto: Adonis Guerra

Os desafios e oportunidades da viabilização da eletromobilidade no Brasil foi o tema do encontro em Brasília, no dia 27, com o grupo que debate a nova política automotiva brasileira, o chamado Rota 2030, com representantes do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, o MDIC. Representando os trabalhadores, os maiores interessados no assunto, os Metalúrgicos do ABC, que integram o debate, apresentaram questões relevantes em torno das necessidades de adequação dos processos de toda a cadeia produtiva para aumentar a competitividade nacional.

Em entrevista à Tribuna, o diretor executivo do Sindicato responsável por políticas industriais, Wellington Messias Damasceno, contou como foi a reunião e quais os principais pontos da discussão.

Tribuna Metalúrgica – Qual a importância do Sindicato estar inserido nesse debate?

Wellington – O Sindicato precisa levar para a discussão o olhar do trabalhador, precisa garantir que o carro elétrico seja produzido também aqui, atento não só ao produto final, mas também às oportunidades de emprego. Não debater isso é um problema, é perder uma oportunidade. Temos que continuar fazendo motor a combustão, continuar investindo no etanol, mas precisamos entrar na discussão do carro elétrico.

TM – Como isso pode interferir na venda dos carros tradicionais?

Wellington – Se os principais mercados começarem a produzir carros elétricos, vamos ter dificuldade em exportar carros com motor tradicional a combustão, e assim podemos cair no isolamento. Por isso é preciso debater o assunto agora.

TM – E qual a maior preocupação para o Brasil hoje?

Wellington – Com o acordo entre União Europeia e Mercosul, as taxas de importação cairão, assim a tendência é que os carros elétricos sejam importados sem que haja produção nacional.

TM – E qual o olhar para a região do ABC?

Wellington – Temos uma cadeia automobilística na região, mas percebemos que os novos investimentos em estruturas e fábricas não vêm pra cá. É fundamental que as empresas instaladas na região entrem na discussão.

TM – E como fica a cadeia de fornecimento?

Wellington – Esse é outro problema, a cadeia de fornecimento. É preciso pensar já, seja no nascimento de uma cadeia de fornecimento do carro elétrico, e na reconversão de empresas para esse segmento. No caso de empresas que estão com dificuldades na produção de peças, elas poderiam fazer essa reconversão e entrar no mercado de fornecimento de insumos elétricos.

TM – Quais as propostas apresentadas pelo Sindicato?

Wellington – Estamos empenhados em garantir a qualificação dos trabalhadores e de uma discussão sobre a competitividade da indústria brasileira, com uma transição planejada da cadeia de fornecedores e da rede de serviços. O carro elétrico não tem a ver só com a cadeia de produção, tem a ver com serviços também. As redes especializadas precisam estar preparadas.

TM – Que outros setores precisam estar inseridos?

Wellington – É preciso envolver as universidades e os centros de pesquisa. Outro setor que precisa se envolver é a administração municipal, as prefeituras que têm responsabilidade direta sobre o transporte coletivo e o compromisso de reduzir a emissão de poluentes nas cidades e, portanto, poderiam ser as grandes compradoras de uma produção de veículo elétricos.

TM – O que estará na pauta da próxima reunião do Rota 2030?

Wellington – Na pauta da próxima reunião, marcada para o dia 11, estão os grupos de trabalho que debatem a capacitação de fornecedores, pesquisa e desenvolvimento e a renovação de frota. Este último, de grande interesse para a categoria, por que incentiva a produção, já que temos no Brasil uma frota grande de veículos com mais de 30 anos.

Da redação