Metalúrgicos do ABC elegem novo presidente

Categoria escolhe, em 2º turno, a nova diretoria que compõe chapa única encabeçada por Sérgio Nobre; trabalhadores de 181 fábricas votam nos próximos dias 22 e 23 de abril

Quase 50 mil trabalhadores de 181 empresas vão às urnas na terça e quarta-feira (22 e 23 de abril) para eleger a nova diretoria do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC. Sérgio Nobre, da Mercedes-Benz, encabeça a chapa única, composta por 27 nomes, que será eleita para três anos de mandato. As apurações deverão estar concluídas até o meio-dia de quinta-feira (24). A posse está marcada para 19 de julho.

A eleição vai proporcionar uma renovação completa na direção do Sindicato, porque nenhum dos 27 nomes da chapa única ocupou antes o cargo que disputa. No início de março, os metalúrgicos escolheram diretamente seus representantes nos locais de trabalho, por meio dos CSEs (Comitês Sindicais de Empresa), modelo de escolha que fortalece a organização sindical dentro das fábricas e garante representatividade aos diretores. Só os eleitos pelos comitês podem concorrer no segundo turno.

No primeiro turno, 50 mil trabalhadores elegeram os Comitês Sindicais em 95 empresas, mais um Comitê Sindical de aposentados. Números que comprovam a importância do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, hoje uma referência nacional e internacional para o movimento sindical por sua combatividade, bases fortes e sintonia com os movimentos sociais. Desde 1999, os comitês representam a nova maneira de organização da categoria, enraizando o Sindicato em cada local de trabalho.

“O Sindicato tem como filosofia o respaldo de sua base. Quando os metalúrgicos participam da eleição sindical conferem à entidade e à direção uma representatividade muito útil na mesa de negociação e às ações que desenvolvemos”, explica  Sérgio Nobre. Esses votos se traduzem, assim, em mais respeito das empresas, governo e sociedade. Segundo Nobre, o direito de representação sindical é parte importante da democracia.

O que diz Sérgio Nobre, que substituirá o atual presidente José Lopez Feijóo.

Valorização dos salários – “O ponto central da nossa chapa é a valorização dos salários e a melhoria nas condições de trabalho. Com a conjuntura favorável, de crescimento econômico e inflação baixa, precisamos também avançar no social, pautar temas que melhorem as condições de vida dos trabalhadores num sentido mais amplo.”

Marmita zero – “Um dos desafios da próxima gestão é interferir na reforma tributária e conquistar uma nova tabela do Imposto de Renda que desonere os salários. Temos de questionar também os juros bancários, como fizemos com as tarifas. Outro desafio é ninguém sem carteira assinada em nossa categoria. É preciso expandir o programa Marmita Zero, porque alimentação de qualidade significa mais dignidade ao trabalhador”.

Organização – “Temos o melhor modelo de organização sindical do Brasil, mas ele não pode ficar restrito a nós, metalúrgicos. Precisamos reproduzir o modelo em mais categorias para modernizar e democratizar a estrutura sindical”.

Democracia e trabalho – “Na maioria dos países industrializados, as empresas convivem com os sindicatos. Só no Brasil, o patrão é senhor absoluto do espaço dos locais de trabalho. A negociação sobre tudo o que se relaciona ao trabalho deve ser vista como um direito e não como um privilégio de algumas categorias. Se nossa luta é por democracia plena, temos de entender que a prática democrática deve começar nos locais de trabalho”.

Negociação internacional – “Muitas decisões de empresas não são tomadas nas plantas do Brasil, mas nas matrizes. Isso nos impõe a necessidade de articulação internacional entre trabalhadores. Redes e Comitês Mundiais, como já existem em algumas fábricas, são iniciativas que temos reforçar. Precisamos capacitar nossa militância para encarar esse desafio”.

Responsabilidade social  – “Responsabilidade social de uma empresa deve ser o respeito aos direitos do trabalhador, envolvimento com as comunidades na busca de soluções a seus problemas, proteção do meio ambiente etc. É papel do Sindicato pautar as empresas para discutir tais temas”.

Cultura – “Temos de potencializar a produção cultural dos trabalhadores, oferecendo espaço e algum tipo de apoio. Esse é também um mecanismo importante que o Sindicato pode desenvolver para chegar às comunidades na Região”.

Um sindicato para todos – “Nosso olhar será especial para os jovens, as mulheres, os negros e as pessoas com deficiência da categoria. Assumir suas bandeiras é reconhecer a riqueza de nossa diversidade e aprofundar o conceito de sindicato-cidadão”.

CUT – Assumir as bandeiras e lutas da CUT, da nossa Confederação e Federação como o Contrato Coletivo Nacional, a defesa da convenção 158 da OIT, a luta pelas 40 horas, o piso nacional de salários e a manutenção do veto à Emenda 3″.

Quem é Sérgio Nobre
Ajustador mecânico, tem 44 anos, é casado, pai de dois filhos e cursa o terceiro ano de Relações Internacionais, na Fundação Santo André. Ingressou na categoria em 1980, como aprendiz do Senai na Scania. Em 1986, foi para a Mercedes, onde se elegeu membro da CIPA e depois da Comissão de Fábrica. Ocupou a coordenação do setor automotivo da Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT. Entre 2002 e 2005,  foi o coordenador da Regional Diadema do Sindicato e, a partir de 2005, secretário de organização, cargo que exercerá até julho, quando passará à presidência, substituindo José Lopez Feijóo. Já estiveram no mesmo cargo Luiz Inácio Lula da Silva, Luiz Marinho, Jair Meneguelli, Vicentinho e Guiba, entre outros.

Ficha técnica

O que: Segundo (e decisivo) turno das eleições à nova direção do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC

Quando: 22 e 23 de abril (terça e quarta-feira)

Hora: A partir das 7h (o término depende dos turnos da fábrica)

Onde: Locais de votação – 181 empresas metalúrgicas e sede do Sindicato

Resultado da apuração: 12h do dia 24 de abril (previsão)

Quem vota
Todo metalúrgico com mais de seis meses de associação e maior de 16 anos. É necessário apresentar um documento de identificação com foto.

Como votar
Como na eleição dos Comitês, haverá urnas fixas em várias fábricas e urnas volantes nas fábricas com menor número de votantes.

Serão eleitos: Conselho da Executiva da Direção e Conselho Fiscal

Ex-presidentes votam: na sede do Sindicato, na terça (22), entre 9h e 11h

Sindicato:  95 mil metalúrgicos na base, que é composta por trabalhadores das quatro das sete cidades do ABC – São Bernardo, Diadema, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra, no total de 73 mil associados. A Região tem 132,2 mil trabalhadores metalúrgicos no total.