Metalúrgicos do ABC entregam alimentos arrecadados pela categoria a refugiados afegãos
Solidariedade da categoria arrecadou alimentos na cerimônia de posse da diretoria, na festa julina e no Festival Rock ABC
Os Metalúrgicos do ABC entregaram ontem mais de uma tonelada de alimentos a 109 afegãos refugiados que estão acolhidos na Colônia de Férias do Sindicato dos Químicos de São Paulo, na Praia Grande. As doações foram arrecadadas pela categoria na cerimônia de posse da diretoria, na festa julina e no Festival Rock ABC
O vice-presidente dos Metalúrgicos do ABC, Carlos Caramelo, destacou a importância da ação de solidariedade. “Agradecemos todos os trabalhadores e trabalhadoras que contribuíram e foram solidários. Este é um exemplo de dignidade, cidadania e acolhimento aos irmãos e irmãs que vieram de outro país, que foram abandonados pela gestão anterior do governo federal”, afirmou.
“A solidariedade não tem idioma, não tem fronteiras. Em nome da diretoria dos Metalúrgicos do ABC, quero dar os parabéns aos Químicos de São Paulo, um sindicato irmão nas trincheiras de luta pela construção de uma sociedade mais justa, fraterna e igual para todos e todas. Estamos no projeto #ARetomada, que passa pelo combate às desigualdades sociais. Que o mundo comece a falar mais de amor, precisamos evoluir como seres humanos”, ressaltou.
Sindicato Cidadão
O coordenador de São Bernardo, Jonas Brito, reforçou a atuação de um Sindicato Cidadão. “Mais uma vez, é o Sindicato atuando além dos portões das fábricas, com olhar para a questão social. Não olhamos de onde as pessoas vêm, mas sim para as necessidades delas e o quanto esse gesto vai ajudar a alimentar várias famílias e a diminuir um pouco a dificuldade que estão passando”, contou.
Questão humanitária
No total, cerca de 200 refugiados já passaram pela colônia. A ajuda humanitária teve início em 30 de junho, quando imigrantes que viviam de forma temporária no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, foram transferidos para a colônia em Solemar. Na ocasião, eram 128 afegãos, sendo 37 crianças.
O presidente do Sindicato dos Químicos de São Paulo, Hélio Rodrigues, que também é vereador na capital, agradeceu as doações recebidas. “Agradeço muito esse gesto da direção do Sindicato e da categoria que produziu o maior líder da América Latina e resgatou o Brasil do caos, o presidente Lula. Este Sindicato continua na luta, com solidariedade e companheirismo”.
De acordo com os Químicos de São Paulo, o Sindicato foi acionado para abrigar os imigrantes afegãos a partir de uma conversa com o Ministério da Justiça. A colônia de férias tem 50 quartos equipados com seis camas, mini cozinha e banheiro. Os refugiados receberam roupa de cama, cobertores, toalhas e kits de higiene. São quatro refeições ao dia: café da manhã, almoço, café da tarde e jantar.
A princípio, a Prefeitura de Praia Grande não queria receber os afegãos, mas, após tratativas com o Ministério da Justiça, acabou cedendo e enviou uma equipe de saúde para atender os refugiados e vacinar todos. Devido ao período de baixa temporada, a colônia estava fechada.
Fuga do Afeganistão
O Afeganistão vive uma grave crise política sob o comando dos radicais do Talibã, que tomaram o poder em 2021. O grupo é considerado terrorista e busca impor sua visão fundamentalista religiosa, ameaçando mulheres e restringindo a ida de crianças à escola. Desde então, segundo dados do ACNUR (Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados), 3,5 milhões de afegãos fugiram do país.
O Brasil tem sido o destino de parte desses refugiados, por conta de uma portaria do governo anterior que autoriza o visto temporário e a residência por razões humanitárias. Mas, por conta do grande fluxo de chegada, muitos aguardavam locais para acolhimento. Diante disso, o governo do presidente Lula, em ação do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, Ministério das Relações Exteriores e o Ministério da Justiça, articulou um alojamento temporário para os imigrantes.