Metalúrgicos do ABC exigem justiça por Moïse, em ato em São Paulo
Comissão de Igualdade Racial e Combate ao Racismo convocou a categoria. Manifestações ocorreram em diversas capitais do país e no exterior
Contra o racismo, a xenofobia, a violência, pelo direto do trabalhador e pela vida, os Metalúrgicos do ABC se juntaram a milhares de pessoas, sábado, 5, no ato #JustiçaporMoïse, realizado na Avenida Paulista. Manifestações convocadas pelo movimento negro e por representantes das comunidades africanas no Brasil ocorreram nas principais cidades do país e no exterior.
Chamados pela Comissão de Igualdade Racial e Combate ao Racismo do Sindicato, os companheiros e companheiras da categoria fortaleceram o coro por justiça. Cartazes pediam justiça e defendiam a adoção de políticas afirmativas para o povo negro.
O jovem congolês Moïse Kabagambe foi espancado até a morte, no último dia 24, em um quiosque na Barra da Tijuca (RJ) ao cobrar pagamento pelos dias trabalhados.
“Cada lágrima que escorreu dos olhos da família de Moïse se transformou em militantes, em pessoas que se sentiram exatamente no lugar daquela família, em pessoas que levaram seus sentimentos nas palavras de ordem, nos gritos por justiça, pelo fim do genocídio do povo negro. Nosso Sindicato, representado pela Comissão de Igualdade Racial estava junto nesse gigantesco grito, todos em uma só voz. Não vamos parar enquanto essas injustiças continuarem acontecendo”, destacou o coordenador da Comissão, Carlos Alberto Rita, o Somália.
O presidente do Sindicato, Moisés Selerges, lembrou que a violência contra o povo negro acontece todos os dias e criticou a reforma Trabalhista, aprovada no governo Temer, que permite a negociação direta entre patrão e trabalhador.
“Precisamos sempre lembrar que a violência contra o negro acontece todo dia, basta lembrar o homem assassinado na semana passada pelo vizinho que o confundiu com um ladrão. Mais um caso de racismo que terminou em morte. Não podemos nos calar diante disso, não é só vir na Paulista trazer solidariedade, temos que discutir o racismo que ainda é muito forte no Brasil. Temos que lutar por justiça de fato”.
“O caso de Moïse suja as mãos de Temer de sangue, já que ao aprovar a reforma Trabalhista, ele defendeu que o trabalhador deveria negociar direto com o patrão e foi o que o jovem foi fazer, reivindicar um direto, e olha o que aconteceu”, reforçou.
O secretário-geral do Sindicato, Claudionor Vieira, concluiu que a sociedade brasileira não pode aceitar, de forma alguma, um fato absurdo como esse. “Isso já foi longe demais, é urgente que a sociedade tome consciência e se insurja contra tanta violência, preconceito e injustiça. Esse genocídio do povo negro tem que acabar”.
Ato no Rio
No Rio de Janeiro, os manifestantes arrancaram a placa do quiosque Tropicália, na Barra da Tijuca. Os manifestantes também defenderam que seja construído um memorial da cultura africana no lugar.
A Secretaria Municipal de Fazenda e Planejamento do Rio de Janeiro afirmou que atenderá ao pedido e que o espaço será gerido pela família do jovem.
Repercussão Internacional
A Coalizão Negra por Direitos, que reúne mais de 20 entidades e coletivos, denunciou o caso à ONU. Por meio do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados, a organização afirmou que pedirá investigações sobre o crime no Brasil.
Presos
Três homens foram identificados pela Polícia Civil do Rio e presos pelo crime: Aleson Cristiano de Oliveira Fonseca, Brendon Alexander Luz da Silva e Fábio Pirineus da Silva.