Metalúrgicos do ABC levam 4 mil trabalhadores às ruas por emprego e direitos

Mais de quatro mil metalúrgicos do ABC e trabalhadores de todas as categorias caminharam em São Bernardo, durante o ato pelo Dia Nacional de Luta pelo Emprego e por Direito, realizado pela CUT e demais centrais na manhã de hoje.

As principais bandeiras do Sindicato são a criação do Programa Nacional de Proteção ao Emprego, o PPE; a renovação da frota de caminhões; e a ampliação do crédito para impulsionar a indústria e dar garantia de emprego aos trabalhadores.

A mobilização no ABC começou por volta das 7h e teve dois pontos de concentração. Trabalhadores na Arteb, Kostal, ZF, Mensan (Cabomat), Rassini, Panex, Proxyon, Valeo, entre outras fábricas, seguiram em passeata pela Avenida Robert Kennedy até encontrarem os companheiros na Scania, de onde seguiram até o viaduto Tereza Delta.

Os trabalhadores também aprovaram por unanimi­dade um dia de paralisação em defesa do emprego e dos direitos sociais.

“Estamos sendo penalizados e isso não pode aconte­cer”, declarou o presidente do Sindicato, Rafael Marques.

“Teremos um ano desafiador e o governo não pode se curvar às pressões que vem recebendo do sistema financeiro nacional e internacional”, alertou.

O secretário-geral do Sindicato, Wagner Santana, o Wagnão, lembrou que, em menos de um mês, os traba­lhadores voltaram às ruas para garantir a manutenção dos postos de trabalho e a continuidade do crescimento econômico.

No último dia 12, mais de 20 mil companheiros de montadoras e autopeças aprovaram em ato na Rodovia Anchieta a pauta de luta.

“Estamos aqui por uma política de desenvolvimento que tenha como base a renda e o emprego”, declarou Wagnão. “As medidas anunciadas no final do ano pas­sado prejudicam cada trabalhador e facilitam o processo de demissão, pois não protegem o emprego, o consumo e muito menos a produção”, afirmou.

“Queremos retomar as negociações com o governo federal, que editou duas medidas provisórias no final do ano passado alterando o acesso ao seguro-desemprego, auxílio-doença, pensão por morte e abono salarial. E também o pacote de ajustes fiscais divulgado no último dia 19, que restringe crédito, aumenta juros e dificulta a produção”, acrescentou o vice-presidente do Sindicato, Aroaldo Oliveira da Silva.

Para o diretor executivo do Sindicato e coordenador de São Bernardo, Nelsi Rodrigues, o Morcegão, que participou do ato, este pacote de medidas, que limita os benefícios sociais, prejudica o trabalhador na hora que ele mais precisa.

“No caso do seguro-desemprego, por exemplo, agora o companheiro precisa ter, no mínimo, 18 meses de jornada de trabalho. Mas como a rotatividade é alta, porque muitas empresas querem diminuir seus custos, o trabalhador pode sair sem este direito”, disse Morcegão.

Segundo a coordenadora da Comissão das Metalúr­gicas do ABC e diretora executiva, Ana Nice Martins de Carvalho, mais uma vez as mulheres trabalhadoras estão presentes nesta luta.

“Nós não vamos pagar a conta dos ajustes fiscais e de medidas adotadas pelo governo. Assegurar o trabalha­dor no seu posto é mais barato, inteligente e racional”, concluiu Ana Nice.

Da Redação