Metalúrgicos do ABC promovem debate sobre Consciência Negra
Para marcar a data, atividade no Sindicato teve apresentação de dança africana e conversa a respeito de combate ao racismo
Na sexta-feira, 18, a Comissão de Igualdade Racial e Combate ao Racismo dos Metalúrgicos do ABC realizou no Sindicato atividade para marcar o Dia da Consciência Negra, celebrado em 20 de novembro. O evento contou com apresentação cultural e conversa sobre o tema.
A abertura ficou a cargo do grupo “Netos de Bandim”, da Guiné-Bissau. O espetáculo trouxe para a Sede música e dança tradicionais da África Ocidental com muito ritmo e cores de diferentes etnias guineenses. A apresentação foi seguida da fala do presidente do Sindicato, Moisés Selerges, que lembrou que a cultura é peça fundamental em uma sociedade soberana.
“A cultura é mágica, por isso ela tem que fazer parte do nosso dia a dia no Sindicato. Nosso papel não é só reivindicar melhores condições de trabalho e salário, é também promover a cultura, porque ela é parte da nossa soberania e é uma forma de resistência”.
Combate efetivo ao racismo
O presidente acrescentou a principal ação este ano do Sindicato junto à categoria no combate ao racismo. “Quando me perguntam o que o Sindicato pode fazer para que haja um combate efetivo ao racismo, respondo que uma das formas já fizemos, foi tirar a extrema direita do poder. Junto com nossa base e a maioria do eleitorado, abrimos caminho para que o combate ao racismo efetivamente aconteça. É lógico que da nossa parte também temos que levar esse debate para dentro das fábricas, nos bairros, nas igrejas, terreiros, para toda a sociedade”.
Questão estrutural
A atividade foi conduzida pelo coordenador da Comissão, Clayton Willian, o Ronaldinho, que agradeceu todos os coordenadores que vieram antes dele, alguns presentes, e lembrou que o racismo no Brasil é estrutural.
“Se hoje o negro está no fim da pirâmide, é por uma questão estrutural, esse é o racismo estrutural. Debates como este são muito importantes e enriquecem muito a discussão sobre o tema. Eu aprendi muito neste Sindicato e tenho gratidão enorme pelos ex-coordenadores que passaram por aqui, sou fruto deles”.
Espaço de resistência
Para a convidada, secretária de combate ao racismo da CUT-SP, Rosana Aparecida da Silva, a Sede é um espaço de resistência. “Um Sindicato que elege seu primeiro presidente da CUT Nacional negro, que foi o Vicentinho, que tem a primeira vereadora negra de São Bernardo, Ana Nice, isso é um marco de resistência. Esse é um espaço onde temos de fato a inclusão de negros e negras no local de trabalho e também ascensão, é uma referência para que outros sindicatos façam a mesma coisa”.
Rosana destacou entre outras pautas, a importância de convenções para combater o racismo no local de trabalho, a lei 10.639, sancionada no governo Lula, que trata do ensino da cultura africana nas escolas, a necessidade da mudança na lei sobre crimes de racismo e elogiou a equipe de transição do governo Lula composta por negros e negras.
“Foram quatro anos de mortes e perseguições, toda dia na TV vemos um caso de racismo. É preciso que haja mudança na lei que enquadra como injúria racial e não como racismo. Precisamos de pena sem direto à fiança porque se os racistas não forem presos, esse processo não muda”.