Metalúrgicos do ABC recebem dirigentes norte-americanos e professor da Universidade de Havana

Em dois momentos no mês passado, dirigentes do Sindicato estiveram com figuras importantes de Cuba e EUA para tratar de combate ao racismo, direitos humanos e mundo do trabalho.

Foto: Adonis Guerra

Em dois momentos no mês passado, dirigentes do Sindicato estiveram com figuras importantes de Cuba e EUA para tratar de combate ao racismo, direitos humanos e mundo do trabalho.

As agendas internacionais são parte fundamental do trabalho desenvolvido pelos Metalúrgicos do ABC. Além das visitas para conhecer de perto as atividades industriais, bem como a realidade dos trabalhadores pelo mundo, e das participações em congressos que envolvem questões sindicais, o Sindicato recebe ao longo do ano visitas de representantes e delegações de outros países.

No final do mês passado, duas dessas visitas tiveram bastante relevância. A primeira, no dia 20 de junho, de Terry Melvin, grande liderança do movimento negro dos Estados Unidos, criador e presidente da CBTU, organização que reúne membros de mais de 50 sindicatos afro-americanos. Terry integrou uma delegação liderada pelo coordenador nacional do Solidarity Center, Gonzalo Martinéz, acompanhado pelo adido do Trabalho dos Estados Unidos, Anthony, Grimaldo. 

Na Sede, eles foram recebidos pelo secretário de Relações Internacionais da CNM/CUT (Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT), Maicon Michel, o coordenador da Comissão de Igualdade Racial e Combate ao Racismo do Sindicato, Clayton Willian, o Ronaldinho, e outros membros do Sindicato.

A conversa, segundo Maicon, se baseou no debate sobre o racismo estrutural nos dois países e projetos de atuação conjunta. “Também dialogamos sobre os retrocessos no Brasil durante o governo Bolsonaro e fizemos um histórico do que aconteceu no movimento pela igualdade racial nos últimos 30 anos. Citamos os ataques à lei de cotas nas universidades, e toda a resistência feita para culminar na eleição novamente do companheiro Lula, que agora retoma pautas do movimento negro e avança na garantia desses direitos”.

De acordo com Maicon, Terry trouxe para a conversa o histórico da luta antirracista nos Estados Unidos, desde a década de 60, com Martin Luther King e Malcom X, até as comissões criadas pelos trabalhadores sindicalizados à frente desse processo.

“Ele falou ainda sobre o retrocesso dessas pautas no governo do Trump, o ataque frontal aos imigrantes, ao povo preto, a seguir a retomada com Joe Biden. Também dialogamos sobre a iniciativa Lula-Biden na defesa do trabalho decente, e sobre as articulações que têm sido feitas no intuito de criar efetivamente essa ponte entre os dois países, no que se refere a direitos humanos e condições de trabalho”.

Além disso, os representantes discutiram a luta pela reindustrialização, condições dignas de trabalho, acesso do povo preto a cargos de alto salário, e postos de comando. Como também a luta da CNM/CUT no sentido de desenvolver políticas e formação para que os negros e negras da base possam se organizar e lutar por direitos.

Cuba

Na última quinta-feira, 27, quem visitou a Sede dos Metalúrgicos do ABC foi o professor Raúl Escalona, da Universidade de Havana. O cubano esteve no Sindicato acompanhado do professor Walter Pomar, da Universidade Federal do ABC. Na ocasião, o secretário-geral do Sindicato, Claudionor Vieira, relembrou a parceria histórica dos metalúrgicos do ABC com os trabalhadores de Cuba.

O secretário de Relações Internacionais da FEM/CUT (Federação Estadual dos Metalúrgicos) contou que o professor trouxe uma análise dos últimos anos de Cuba e um relato de como a política do governo Trump piorou a já ruim situação do país com os embargos econômicos. O docente discorreu também sobre o papel da juventude cubana na resistência do modelo que resulta da Revolução Cubana e os desafios do governo Díaz-Canel. 

Foto: Adonis Guerra

Articulação política

“É muito importante essa articulação da CNM/CUT e dos Metalúrgicos do ABC, no sentido de conversar com todos os atores relevantes do nosso continente, mesmo que geopoliticamente haja distinções. Temos essa característica de articulação, por isso não nos furtamos em falar com quem quer que seja que tenha, enquanto centro da sua atividade política, o debate da classe trabalhadora, de ampliação de direitos e um projeto de vida em sociedade melhor”.