Metalúrgicos ganham queda de braço com Unibanco. Agora é a vez do Itaú

A mobilização dos metalúrgicos do ABC obrigou o Unibanco a recuar e manter a taxa de juros no empréstimo consignado. Mas a pressão dos trabalhadores precisa aumentar contra o Itaú, que insiste na tarifa de recadastramento de R$ 78,00. Semana passada, trabalhadores na Udinese e na Papaiz protestaram contra a cobrança.

Mobilização faz Unibanco suspender aumento


Primeira mobilização da categoria contra os bancos aconteceu no início de novembro

Acordo firmado pelo Sindicato com o Unibanco na sexta-feira passada manteve a taxa de juros para os empréstimos consignados dentro do padrão do acordo com a CUT, de 1,75% ao mês. O banco queria elevar a taxa para 1,99%.

O acordo vale para os todos os metalúrgicos que operam com o Unibanco.

O recuo só aconteceu após a mobilização dos trabalhadores em várias fábricas.
Na quarta-feira passada, os companheiros na Brasmetal, de Diadema, apresentaram uma pauta para a empresa em relação ao reajuste.

“Cobramos a Brasmetal porque ela também tem responsabilidade sobre os serviços bancários, já que não tivemos opção de escolha do banco para receber os salários”, afirmou Gilson Andrade Barros, do Comitê Sindical.

“Não havia qualquer justificativa para o aumento, pois quando o acordo da CUT foi feito, a taxa básica de juros da economia era de 26% e hoje está em 13,75%”, afirmou o coordenador da Comissão de Fábrica na Volks, José Roberto Nogueira, o Bigodinho.

Os companheiros na montadora foram os primeiros a se manifestar contra o aumento pretendido pelos bancos.

A taxa já está valendo e os bancos se comprometeram a mantê-la até 31 de janeiro do ano que vem.

Em reunião com Sérgio Nobre, presidente do Sindicato, representantes do Itaú, comprometeram-se a responder ainda esta semana se o banco irá suspender toda a cobrança da taxa de recadastramento, de R$ 78,00, como já fez em algumas fábricas.

Quando anunciou a cobrança, o banco isentou os companheiros na Mercedes-Benz e na Scania, por exemplo.

Amarelinho                   Gilson
    

O pessoal na Mahle e na Panex foi pra cima e o Itaú devolveu o dinheiro. Porém, manteve a tarifa a metalúrgicos de outras empresas.

Sérgio Nobre afirma que os companheiros devem protestar contra o Itaú e criar um clima de descontentamento senão o banco não volta atrás.

Foi o que fez o pessoal na Udinese e na Papaiz, em Diadema, que parou a fábrica por duas horas na quarta-feira passada. “A cobrança é um abuso e queremos sua revogação imediatamente”, protestou Ricardo Alves Pimentel, o Amarelinho, do Comitê Sindical na Udinese.

Na semana passada, os trabalhadores na Panex, de São Bernardo, e na Faparmas, em Diadema, haviam feito o mesmo.

O banco também recuou na Toledo e na Otis, depois da bronca da companheirada. A taxa corresponde a cerca de 10% dos valores dos pisos salariais na maioria dos grupos na nossa categoria.

Consignado e tarifa zero são conquistas

O alto custo de manutenção de uma conta bancária levou os metalúrgicos do ABC a desencadearem a luta pela tarifa zero, uma maneira de ampliar a renda do trabalhador.
Em 2003, quando a campanha foi lançada, a cobrança de tarifas chegava a abocanhar até um salário mínimo por mês.

Já a criação do empréstimo consignado decorreu de outra campanha, esta para reduzir a taxa de juros nos empréstimos pessoais.

Como os trabalhadores oferecem seu pagamentos como garantia para o pagamento do empréstimo, não se justificava que os bancos cobrassem taxas tão altas como na época.

Com a crise da agiotagem, os bancos botaram as manguinhas de fora e tentam voltar a cobrar taxas e aumentar os juros, tentando jogar a conta nas costas do trabalhador.

É isso que a categoria não pode admitir. Se há um setor que ganha muito no Brasil, esse é o sistema financeiro.