Metalúrgicos no ABC realizam ato em favor da redução de jornada
Manifestações em Diadema e São Bernardo iniciaram pela manhã e fazem parte das ações organizadas pela CUT, hoje (18/05), em todo o país
Se a montadora Vitória Aparecida Damião, trabalhadora na Autometal em Diadema, tivesse quatro horas a mais disponíveis na semana gastaria esse tempo para dar mais atenção à sua mãe.
Esse sentimento foi um dos que embalou milhares de trabalhadores na manhã de hoje (18/5) para o ato pela redução da jornada de trabalho para 40 horas semanais. A manifestação começou com assembleia com os trabalhadores no primeiro turno na Mercedes-Benz e prosseguiu em frente a TRW, reunindo companheiros e companheiras também da Autometal, na Metaltok, Dana Forjados, Affina e Melling e as representações da maioria dos Comitês Sindicais da base, sindicalistas de outras categorias e dirigentes da CUT.
Raquel Camargo
Para Carlos Grana é preciso aproveitar o ano eleitoral
“A bandeira das 40 horas tem de ganhar mesmo as ruas e ser de toda a sociedade. Temos de aproveitar o ano eleitoral para pressionar os parlamentares”, resumiu Carlos Grana, presidente da Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT.
Raquel Camargo
O presidente do Sindicato, Sérgio Nobre alerta
que mobilização precisa ser permanente
“Nada é fácil para os trabalhadores. Não pensem que apenas com esse ato vamos conseguir a votação. A mobilização permanente é necessária”, sugeriu Sérgio Nobre, presidente do nosso Sindicato.
Ele encerrou o ato incluindo a inclusão a luta pela isenção do Imposto de Renda sobre o PLR na pauta dos metalúrgicos. “Estamos conversando com o governo e levaremos essa foto (a da votação) ao ministro da Fazenda Guido Mantega para mostrar o desejo de vocês. Se o empresário não paga Imposto de Renda sobre o lucro, é justo que os trabalhadores também não paguem”, finalizou
Com quatro horas mais na semana eles…
“Curtiria mais a familia”
Pedro de Souza Siqueira, montador
“Descansaria mais, porque além do trabalho na fábrica tenho o trabalho em casa”
Graziela Andrade Moreira, operadora de máquinas
“Descansaria e passearia com minha esposa”
Nivaldo Barbosa de Alcântra, auxiliar de produção
“Ficaria mais tempo com minha filha”
Meirelaine da Silva Rodrigues, operadora de máquinas
“Gastaria mais tempo com a família e estudaria”
Marcio Gonçalves Campos, prensista
“Estaria mais com com os filhos, sem dúvida”
Eva Souza de Lima, operadora de usinagem
Mesa diretora segura a votação
Raquel Camargo
O deputado Vicentinho terá encontro com Temer para discutir proposta
O deputado federal Vicentinho (PT) afirmou que a mesa diretora da Câmara dos Deputados vem sistematicamente segurando a votação das 40 horas. Ele é o relator da Proposta de Emenda a Constituição que reduz a jornada.
“Tenho certeza que se for a plenário, a proposta passa”, afirmou o Vicentinho, informando que tem um novo encontro com o presidente da Casa, o deputado Michel Temer hoje para tratar da tramitação da matéria.
Podemos negociar 42 horas, mas sem beneficiar patrão
Raquel Camargo
O presidente da CUT Nacional Artur Henrique
está disposto a negociar redução gradual
O presidente da CUT, Artur Henrique, disse estar disposto a negociar uma alternativa de redução gradual da jornada, desde que a meta seja as 40 horas semanais e desde que os patrões não sejam beneficiados com isenção de imposto.
Segundo ele, uma proposta apresentada por Temer prevê a redução gradual para 42 horas. A Confederação Nacional da Indústria pegou uma carona na proposta desde sejam beneficiados com a diminuição da contribuição à Previdência dos atuais 20% para 14% sobre a folha de pagamentos. “Ai não tem conversa. Eles (patrões), dobraram a produtividade desde 1988 e esse ganho não foi dividido com a gente”, protestou.
Há 25 anos, Vaca Brava influiu na constituinte
As 40 horas semanais foi o principal item da campanha salarial de 1985. A categoria atravessou o mês de abril e iniciou maio parada. Era o primeiro o ano de um governo civil após o golpe militar de 1964. O movimento sindical vinha em ascenção e José Sarney, empossado presidente, propunha o pacto social na tentativa de represar as lutas da sociedade.
A categoria não conseguiu a redução nas convenções coletivas, mas acordos isolados em várias fábricas. O movimento teve uma repercussão positiva e influenciou o Congresso a reduzir a jornada de 48 para 44 horas, como está hoje na Constituição.