Metalúrgicos recuperam emprego no 3º trimestre
IBGE apontou crescimento da economia em relação ao trimestre anterior. Matéria mostra dois trabalhadores demitidos na crise e recontratados.
Embora com trajetórias de vida diferentes, dois funcionários de uma metalúrgica de Mauá, na Grande São Paulo, têm algo em comum: ambos foram demitidos no fim do ano passado, auge da crise financeira internacional, e recontratados em outra empresa no terceiro trimestre deste ano, quando a economia brasileira teve recuperação em relação ao trimestre anterior, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Além disso, os dois têm a mesma preocupação: embora estejam com a sensação de que a situação econômica melhora, ainda têm receio de perder novamente o emprego.
Jurandir Ronaldo Bolsarin, de 42 anos, é supervisor de qualidade e foi contratado em setembro. No fim do ano passado, por conta da crise, havia sido demitido porque a empresa teve redução drástica nas encomendas. Durante esse período, trabalhou informalmente, com salário menor, em uma outra metalúrgica.
“Fiquei numa situação em que me submeti a trabalhar sem registro. Estava cursando a faculdade e precisava pagar. Além disso, o carteiro continuou entregando as contas”, lembra Jurandir, casado e pai de dois meninos gêmeos de 9 anos.
Com a retomada da economia após a crise, Jurandir conseguiu o novo emprego, desta vez com carteira assinada, na metalúrgica de Mauá. Apesar de sentir que a situação econômica de parentes e amigos é melhor, o supervisor de qualidade diz ainda ter receios.
“Meu consumo acabou se retraindo um pouco. Eu não posso comprar muito porque o emprego é novo e o salário é menor do que o de antes. (…) Essa crise pegou muita gente de surpresa e agora sou mais cauteloso. E embora a situação tenha melhorado, com crescimento da produção, a gente continua um pouco apreensivo. Sabe que se der uma dor de barriga nos Estados Unidos, a gente vai sentir os reflexos”, afirma Jurandir.
Eduardo Renan Teixeira, de 19 anos, não é casado e ainda não tem filhos. E, ao contrário do colega de trabalho, ainda não precisa sustentar uma casa. No entanto, jovem e com pouca experiência, diz ter a mesma preocupação de Jurandir. “Tenho medo de ser mandado embora, como todo mundo aqui”, afirma.
Contratado em julho, o rapaz trabalha na ferramentaria da metalúrgica e diz que percebeu o aumento da produção desde então. No fim do ano passado, trabalhava em uma empresa fabricante de plásticos. A empresa concedeu férias coletivas, mas ele, como outros colegas, acabou sendo dispensado no retorno.
Após reconquistar o emprego, Eduardo conseguiu comprar um carro e diz gastar 60% do salário com prestação – o veículo foi financiado – e manutenção. Agora, o plano é voltar para a faculdade de engenharia, que começou no ano passado, mas precisou abandonar. “Quero ver se dá tudo certo para voltar a estudar em 2010.”
Do G1