Metalúrgicos reprovam venda da Embraer e temem perda de empregos
Desde o início das negociações para aquisição da Empresa Brasileira de Aeronáutica, Embraer, pela norteamericana Boeing, os Metalúrgicos do ABC e a Federação Estadual dos Metalúrgicos da CUT, a FEM-CUT, estão em estado de alerta em defesa da soberania nacional e da preservação de empregos.
Após o anúncio, feito na semana passada, de criação de uma nova empresa na área de aviação comercial, de capital fechado, na qual a fabricante norte-americana de aeronaves deterá 80% das ações e a brasileira, apenas 20%, os metalúrgicos reforçam a preocupação com os impactos negativos dessa fusão.
“Com essa participação mínima da Embraer, a indústria brasileira perde soberania e autonomia, o que pode impactar inclusive na área de defesa e na parceria que o Brasil firmou com a Saab para a aquisição dos caças Gripen”, alertou o secretário-geral dos Metalúrgicos do ABC, Aroaldo Oliveira da Silva.
“Esse entreguismo de uma empresa que desenvolve tecnologia de ponta no País impactará na geração de conhecimento e em toda a cadeia produtiva nacional, resultando em perda de postos de trabalho”, reforçou.
Na base da FEM-CUT, nas cidades de Araraquara, Taubaté e Sorocaba, mais de 2.600 trabalhadores podem estar com seus empregos ameaçados. “É sistemático, todas empresas que são vendidas a grandes grupos internacionais, ou passam por fusão, sofrem com a restruturação produtiva e a consequente eliminação de postos de trabalho”, afirmou o presidente da FEMCUT, Luiz Carlos da Silva Dias, o Luizão.
“Lamentamos que o governo entregue esse patrimônio tecnológico brasileiro de mão beijada para os americanos, enquanto o País precisa se industrializar, o governo vai na contramão”, concluiu.
Eletrobras à venda
A Câmara dos Deputados concluiu na última terça-feira, 10, na calada da noite, a votação do projeto que permite a venda de seis distribuidoras da Eletrobras no Norte e Nordeste.
O objetivo é privatizar as distribuidoras controladas pela estatal no Acre, Alagoas, Amazonas, Piauí, Rondônia e Roraima.
A operação abre caminho para futura venda da Eletrobras ao setor privado. O texto ainda tem que passar pelo Senado e pela sanção de Temer, que quer levar a leilão as distribuidoras no dia 26 deste mês. O texto para a privatização transfere dívidas bilionárias para a conta de luz do consumidor.