Microempresas paulistas recuperam faturamento e mantêm otimismo
Os efeitos da crise financeira não abateram as pequenas empresas, que acumularam R$ 22,8 bi em setembro, quase R$ 1 bi a mais que agosto
As micro e pequenas empresas (MPEs) paulistas recuperaram o fôlego e apresentaram, em setembro de 2008, aumento de faturamento real na ordem de 0,7%, com relação ao mesmo mês do ano passado, descontada a inflação no período. Esta alta representou o total de R$ 22,8 bilhões nos caixas das MPEs. É o primeiro registro de expansão do faturamento real desde abril, na comparação de 12 meses.
O resultado positivo refletiu na expectativa dos empresários e o otimismo continuou em alta em outubro. 57% dos entrevistados acreditam numa ampliação no seu faturamento nos próximos seis meses. Entre os empresários ouvidos, 52% esperam uma melhora da economia brasileira no próximo semestre.
Para Ricardo Tortorella, diretor-superintendente do Sebrae-SP, “esses números mostram que os pequenos negócios continuam mantendo o nível de vendas, mesmo com as turbulências da economia mundial. Por serem fortemente voltados para o mercado interno e para produtos e serviços mais populares, as pequenas empresas ainda estão se beneficiando da melhora de renda do brasileiro, ocorrida nos últimos anos.”
Estes foram os principais resultados da pesquisa Indicadores Sebrae-SP, realizada entre os dias 8 e 20 de outubro, em parceria com a Fundação Seade, e que monitora mensalmente o desempenho das MPEs em todo o Estado, medindo as taxas de faturamento, pessoal ocupado, gastos com salários, rendimento médio do trabalhador e expectativas dos empresários. O relatório também apresenta dados para quatro regiões: capital (cidade de São Paulo), Grande ABC, Região Metropolitana de São Paulo (39 municípios) e Interior. Foram ouvidos 2,7 mil empresários.
Na comparação de 12 meses (setembro de 2008 contra setembro do ano passado), serviços foi o único setor a apresentar expansão no faturamento real (+8,9%), enquanto a indústria (5%) e o comércio (-0,8%) apresentaram queda.
Regionalmente, as micro e pequenas empresas da Região Metropolitana de São Paulo tiveram o maior aumento do faturamento real (+6,2%), seguido da capital (+ 1,7%). O desempenho das MPEs do interior e do Grande ABC foi negativo: -5,1% e – 0,2%, respectivamente.
O nível de pessoal ocupado apresentou queda de 6,4% na relação entre setembro de 2008 e setembro de 2007, com 4,09 pessoas em média por empresa. Todos os tipos de ocupação (sócios, familiares, empregados próprios e terceirizados) têm apresentado redução na média de pessoas ocupadas por empresa. Em setembro do ano passado, havia 4,38 pessoas em média, por empresa.
Segundo o coordenador do Observatório das Micro e Pequenas Empresas do Sebrae-SP, Marco Aurélio Bedê, “a queda no número médio de pessoas por empresa é um fenômeno estrutural. A cada ano, mais empresas são abertas e com um perfil mais enxuto de empregados. Isso se deve, entre outros fatores, à saída dos ocupados nas atuais empresas para abrir novas empresas, à criação de empresas de uma só pessoa e à expansão mais forte do número de empresas de comércio e serviços que, por sua própria natureza, são mais enxutas em termos de pessoal”.
Já o rendimento real dos empregados teve aumento de 0,9 % em setembro de 2008 na comparação com o mesmo mês do ano anterior. E expansão de 2% em relação a agosto de 2008.
No mesmo período, o total gasto pelas MPEs com salários apresentou queda de 5%, causada por pelo menor número médio de pessoas por empresa.
Comparação mês a mês
Na comparação de setembro/08 com agosto/08 a alta do faturamento das MPEs foi de 3,8%, ou seja, uma injeção de R$ 829 milhões.
O comércio foi o setor que apresentou o maior crescimento real no mês, de 5,4%, seguido por serviços, que fechou o mês com alta de 3,8%. O faturamento das pequenas indústrias apresentou retração de 0,7%.
Com relação ao pessoal ocupado, na comparação mês a mês, os setores de serviços e do comércio registraram aumento de 1,9% e 0,7%, respectivamente. A indústria não acompanhou o movimento de recuperação e registrou queda de 1,3%.
Cenário Econômico – Para os próximos meses, as previsões são de que a economia brasileira deva apresentar alguma desaceleração do seu crescimento, porém, mantendo o nível de atividade em patamares próximos ao verificado no mesmo período de 2008.
Do Sebrae