Miguel Jorge e Anfavea confiam em recuperação rápida do setor automotivo e descartam demissões

As medidas já surtiram efeito neste fim de semana, quando foram feitas promoções de várias montadoras, com financiamento facilitado e juro menor

Em três ou quatro semanas já será possível notar os efeitos da oferta de R$ 8 bilhões a financeiras de montadoras sobre o aumento de crédito na venda financiada de veículos. O cálculo foi feito nesta tarde pelo ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Miguel Jorge, enquanto mencionava a injeção de liquidez de R$ 4 bilhões feita pela Nossa Caixa na semana passada, e de outros R$ 4 bilhões alocados pelo Banco do Brasil na primeira semana deste mês.

“Precisamos aguardar”, disse, reiterando que o comportamento do setor neste mês é diferente da queda das vendas notada em outubro, já por conta dessas iniciativas dos bancos federal e estadual.

Para o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Jackson Schneider, as medidas já surtiram efeito neste último fim de semana, quando foram feitas promoções intensas de várias montadoras, com financiamento facilitado e juro menor.

Uma prova de confiança em relação à eficácia das medidas é a manutenção da projeção de crescimento das vendas do setor para 24% neste ano, mesmo com a queda de 11% apurada em outubro. A expectativa é de que o Natal seja bom e, embora não haja ainda projeções para o ano de 2009, Schneider diz que já seria positiva uma expansão de até um dígito.

FÉRIAS COLETIVAS – Sobre as férias coletivas que têm sido anunciadas pelas grandes montadoras no Brasil, como GM, Fiat e Ford, Miguel Jorge avalia que a decisão é uma “saída razoável” para ajustar a oferta de veículos à redução da demanda doméstica. Ele descarta, no entanto, que haverá demissões ou fechamento de unidades no Brasil.

Nem mesmo no caso da General Motors, que vem passando por momento crítico nos Estados Unidos, Jorge acredita em demissões. “Nem fecha, nem demite. Aqui a GM é uma das operações mais lucrativas. E é independente”, afirmou.

Schneider, da Anfavea, também fala em ajuste necessário e que, casos isolados de demissões em indústrias de auto-peças, podem ser motivadas mais pela redução do mercado internacional do que por problemas de crédito. Ambos dizem que os investimentos de R$ 23 bilhões previstos até 2011 continuam mantidos.

Tanto Miguel Jorge como o presidente da Anfavea estiveram presentes hoje, junto com a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, na abertura da Exposição Internacional de Biocombustíveis, paralela à Conferência Internacional de Biocombustíveis, em São Paulo.

Também participaram os ministros Edison Lobão, de Minas e Energia, Reinhold Stephanes, da Agricultura, o vice-governador de São Paulo, Alberto Goldman, e o prefeito da capital paulista, Gilberto Kassab.

Valor Online