Mobilização garante retomada de negociações na TRW

As direções da empresa e do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC se reuniram ontem e voltam a se encontar nesta quarta-feira (14). Como primeiro avanço dessa nova fase de conversas, a TRW decidiu voltar atrás e manter os planos de saúde dos trabalhadores que receberam carta de demissão em casa, que estavam suspensos

O Sindicato dos Metalúrgicos do ABC conquistou o primeiro avanço na nova fase de negociações iniciada nesta terça-feira (13) com a TRW. As conversas com a empresa foram retomadas ontem, três dias depois de ato realizado em frente à fábrica, na sexta-feira (10), manifestação que teve a participação de mais de 500 pessoas para protestar contra a decisão da empresa de demitir 172 trabalhadores (comunicação feita por carta)

 

Na rodada de ontem, a TRW voltou atrás e resolveu manter o plano médico dos trabalhadores que receberam o comunicado de demissão. Os planos haviam sido suspensos.

 

Nesta quarta-feira (14), as direções do Sindicato e da empresa se reúnem novamente para discutir os casos dos trabalhadores que, apesar de terem estabilidade no emprego (demissão portadores de doenças profissionais e os que estão em processo de pré-aposentadoria), receberam as cartas de.

 

RETOMADA – O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos, Sérgio Nobre, fez avaliação positiva desta primeira rodada da nova fase de negociação com a TRW.  “A retomada das negociações é um passo positivo e importante para a construção de um acordo”, avaliou Nobre, após participar ontem de assembléia com trabalhadores na empresa. “Essas conversas são um primeiro passo de uma luta que será longa”, disse.

 

Mais uma vez o dirigente criticou a decisão da TRW, que classificou de precipitada. A empresa interrompeu as conversas com o Sindicato e enviou cartas de demissão aos trabalhadores.

 

Sérgio Nobre destacou que todos os dias é procurado por trabalhadores na categoria, que buscam informações sobre a luta na empresa. “Não faltará solidariedade da base aos companheiros na TRW”, assegurou o presidente do Sindicato.

 

NEGOCIAÇÃO – Moisés Selerges, diretor responsável pelas negociações com a Proema e a Proxyion, autopeças de São Bernardo, também está otimista. “Os trabalhadores continuam mobilizados e dando o respaldo que a direção do Sindicato precisa”, afirmou. “As negociações são parte de um processo de entendimento a ser construído, por isso, é necessário paciência e acreditar na luta acima de tudo”, completou.

 

IRRESPONSABILIDADE SOCIAL

O presidente do Sindicato, Sérgio Nobre, voltou a criticar os empresários que estão propondo fazer demissões ou flexibilizar direitos para superar a crise econômica.

 

“Esse pessoal passou os últimos cinco anos ganhando dinheiro e agora, no primeiro abalo, querem jogar a conta pra cima dos trabalhadores, reduzindo os salários ou em cima do Estado, usando os recursos do FAT”, criticou.

 

Sérgio Nobre ressaltou que a suspensão do contrato de trabalho ou a demissão não podem ser as primeiras alternativas diante dos problemas, e que isso só acontece porque é barato demitir no Brasil.

 

“Na Europa ou nos Estados Unidos, onde é caro demitir, esse recurso é usado só em último caso. Como aqui uma demissão custa pouco para o empresário, essa é uma das primeiras alternativas”, prosseguiu.

 

“Isso permite que usem a crise como desculpa para demitir e depois contratar o mesmo trabalhador por metade do salário que recebia antes.

 

“Essa irresponsabilidade social acaba provocando mais demissões que a própria crise”, concluiu Sérgio Nobre. 

 

Da Tribuna Metalúrgica e da Assimp