Mobilização na Brastemp suspende demissões em 1992
Foto: Januário F. da Silva
Após reunião de mais de três horas com a Direção do Sindicato, a Brastemp, além de adiar o fechamento da fábrica 1 em São Bernardo, suspendeu as 756 demissões anunciadas em agosto de 1992 e abriu um processo de demissão voluntária nas duas plantas na base.
Trabalhadores na fábrica garantiram esta vitória após forte mobilização nos dias em que o acordo era negociado. Um acampamento para mostrar a todo País a situação dramática pela qual passavam foi uma das decisões tomadas por cerca de 800 trabalhadores que participaram de uma assembleia seguida de passeata até a praça da Igreja Matriz da cidade.
Na ocasião, o diretor de Operações da Brastemp, Ricardo Acosta, garantiu que seriam investidos mais 15 milhões de dólares na fábrica 2 e sua mudança custaria, pelo menos, 90 milhões de dólares. “A fábrica está razoavelmente moderna”, prosseguiu Acosta.
Luiz Marinho, secretário-geral do Sindicato, comentou que achava estranho o processo de modernização utilizado pela Brastemp e outras empresas brasileiras. “Tem que modernizar, mas abrindo novos postos de trabalho e não colocando trabalhadores na rua, como fazem os empresários nacionais”.
O fechamento da fábrica 1 da Brastemp foi mais uma consequência da política recessiva imposta pelo governo Collor, lembrou o prefeito de São Bernardo, Maurício Soares, presente à manifestação. Ele afirmou que a queda da atividade econômica no município fez com que a arrecadação de impostos caísse 14% de junho para julho naquele ano.
Uma situação econômica grave e uma crise política sem precedentes fizeram o Brasil descer ladeira abaixo. Por isso, foi preciso discutir com a Brastemp a manutenção da fábrica e o emprego de 756 companheiros. Mas também mobilizar a sociedade para que o País volte a crescer. “A situação não é só de desemprego. O povo está sem esperança”, disse Vicentinho na época.
Cempi – Centro de Memória, Pesquisa e Informação