Mobilização na reta final prepara Assembleia Geral para dia 28 na Regional Diadema
Categoria demonstra força, mantém pressão e avisa que não aceitará retrocessos, exigindo avanços nas cláusulas sociais e econômicas

A Campanha Salarial 2025 entrou na reta decisiva nos 13 sindicatos filiados à FEM-CUT/SP (Federação Estadual dos Metalúrgicos), que representam cerca de 190 mil trabalhadores e trabalhadoras no estado, incluindo 52 mil na base do ABC. A próxima quinta-feira, dia 28, será o momento-chave: a Assembleia Geral, às 18h, na Regional Diadema, quando a categoria vai avaliar se os patrões apresentaram uma proposta à altura das reivindicações.
Ontem, durante todo o dia, dirigentes realizaram assembleias em sete fábricas da base, em São Bernardo (Usimatic Indústria, Usimatic Pinturas, Conexled, Golden Art, Qualifix e Selco) e em Diadema (Evacon). As mobilizações mostraram que a disposição da companheirada segue firme, com recados claros: sem pressão nas bases, não há avanços nas negociações.

Além da reposição salarial pelo INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor) e da valorização da Convenção Coletiva, a Campanha Salarial traz eixos centrais como a redução da jornada sem redução de salário, o fim da escala 6×1, a isenção do Imposto de Renda até R$ 5 mil, o combate ao assédio moral nos locais de trabalho e a defesa de juros mais baixos para proteger famílias e estimular o consumo.
São Bernardo: fábrica por fábrica, mobilização cresce

O coordenador de São Bernardo, Jonas Brito, ressaltou que as assembleias cumprem papel estratégico para forçar os patrões a negociar. “Sem essa pressão, eles não apresentam nada”, destacou. Para ele, a participação massiva no dia 28 será decisiva: “Se houver proposta, vamos avaliar. Se não, daremos um recado firme e coletivo ao patronal”.

Na Usimatic Indústria e Pinturas, o CSE Vanderlei Clemente Santana contou que os trabalhadores e trabalhadoras aprovaram proposta de PLR (Participação nos Lucros e Resultados) por um ano, com pagamento em duas parcelas – a primeira em agosto e a segunda em março de 2026 –, além da contribuição negocial. O processo, disse ele, foi difícil. “A empresa alegou perda de clientes e impacto do tarifaço. Foram necessárias várias reuniões até chegarmos a um acordo. Não foi tudo o que desejávamos, mas é um avanço”. Também foi garantido reajuste no vale-alimentação e o compromisso de retomar a negociação em novembro.

Na Conexled, o coordenador de área Sebastião Gomes, o Tião, informou que a PLR foi aprovada em parcela única, para setembro, junto à contribuição negocial e o reajuste do vale-alimentação. Sobre a Campanha Salarial, o dirigente alertou que o INPC não é automático: “É preciso negociação e pressão. O capital não tem coração, e os patrões só cedem quando percebem mobilização”.
Na Golden Art, o coordenador de área Marcelo Pereira dos Santos relatou que a proposta de PLR garantiu aumento em relação ao ano anterior e reajuste do vale-alimentação. O pagamento será em duas parcelas, setembro e março de 2026. “Tentamos ampliar para dois anos, mas a empresa alegou instabilidade do mercado”, explicou.
Juntos e organizados!

Na Selco, o CSE Francisco Gomes de Lima, o Chiquinho, ressaltou que a sindicalização é fundamental para fortalecer a Campanha Salarial. Segundo ele, é a união dos trabalhadores no Sindicato que garante força nas negociações e capacidade de enfrentar o patronal. “Cada companheiro e companheira sindicalizado aumenta a nossa voz e a nossa pressão na mesa de negociação. Se queremos garantir reposição integral do INPC, aumento real e a manutenção das cláusulas sociais, precisamos estar juntos e organizados. Só assim conquistamos avanços e mostramos que a categoria está mobilizada e pronta para a luta”, afirmou.

Em assembleia unificada na Usimatic Pinturas, Qualifix e Selco, os coordenadores Marcelo Pereira e Lucas Costa Cavalcante, o Lucão, reforçaram que não apenas cláusulas econômicas estão em jogo. “As cláusulas sociais, que garantem proteção em casos de doença e outras condições, são fundamentais e estão sob ataque patronal”, apontaram. Segundo eles, só a união da categoria pode barrar retrocessos e garantir conquistas.
Diadema: firmeza diante do patronal

Na Evacon, em Diadema, o coordenador de área Gilberto da Rocha, o Amendoim, relatou que a empresa, integrante do Grupo 2 (Sinaees e Sindimaq), “sempre dificulta ao máximo” as negociações. Durante a assembleia, os dirigentes deixaram claro que, se até o dia 28 não houver proposta, os trabalhadores votarão o aviso de greve. “A conquista será do tamanho da nossa disposição de luta”, reforçou Amendoim.

O coordenador da Regional Diadema, Antônio Claudiano da Silva, o Da Lua, acrescentou que os patrões se comprometeram a apresentar proposta até hoje. Segundo ele, não há justificativa para enrolação: “O mercado segue aquecido, não há queda de produção. Queremos reposição da inflação, aumento real e assinatura das convenções coletivas”. Da Lua reforçou ainda que a pauta inclui redução da jornada de trabalho para 40 horas, fim da escala 6×1 e isenção do Imposto de Renda até R$ 5 mil.
Até a vitória
As assembleias realizadas mostraram que a categoria está mobilizada e atenta. A Campanha Salarial 2025 não é apenas sobre reajuste: é pela valorização da Convenção Coletiva, pela defesa de direitos sociais, pela garantia de empregos e pela dignidade da classe trabalhadora. No dia 28 de agosto, às 18h, na Regional Diadema, será a hora da verdade. Ou haverá proposta para avaliação, ou sairá dali um recado firme de que os metalúrgicos e metalúrgicas não aceitam enrolação.