Mobilizações avançam para 15º dia contra demissões na Mercedes
Cerca de 300 trabalhadores na Mercedes, em São Bernardo, montaram acam¬pamento na manhã de ontem, dia 8, contra as 500 demissões de companheiros em layoff (suspensão temporária de contrato de trabalho), anunciadas pela montadora em maio.
O protesto é por tempo indeterminado e acontece na praça do cruzamento entre a Av. 31 de Março, Av. Lions e o Corredor ABD, na Pauliceia.
“O acampamento é mais um ação para fortalecer a luta contra as demissões”, declarou o coordena¬dor geral do CSE na montadora, Ângelo Máximo Pinho, o Max. “Vamos juntos e mobilizados pelo tempo que for necessário”, prosseguiu.
“Os trabalhadores estão firmes e comprome¬tidos com a luta até que a diretoria da montadora reveja a decisão e chame o Sindicato para negociar uma alternativa”, defendeu.
No último dia 25, a montadora oficializou por meio de telegramas a demissão dos companhei-ros que estão em layoff há um ano e deveriam retornar ao trabalho no próximo dia 15. Na semana passada, 7.500 trabalhadores ligados à produção entraram em férias coletivas com volta prevista para 16 de junho.
Os trabalhadores realizaram na semana passada atos em frente às concessionárias da montadora para deixar claro à sociedade e aos clientes da marca a forma desrespeitosa com que a empresa vem tratando os metalúrgicos do ABC.
Segundo o dirigente, a classe trabalhadora sabe da difícil situação do setor, mas segue lutando por alternativas de manutenção dos empregos, como o Programa de Proteção ao Emprego, o PPE.
“O PPE inverte a lógica atual, que beneficia o trabalhador quando ele já está desempregado. A proposta é para que seja mantido o emprego e o vínculo com a empresa, garantindo que ele se mantenha no posto de trabalho em momentos que a produção estiver em baixa”, afirmou Max.
“Com isso, é criada uma garantia do emprego e também o retorno da atividade normal, com o reestabelecimento do mercado”, concluiu o coordenador.
Os companheiros na Mercedes já haviam entra¬do em greve no dia 22 de abril, após a empresa ter anunciado a demissão dos trabalhadores por meio de comunicado à imprensa. Após nego-ciação com o Sindicato, a Mercedes cancelou as demissões anunciadas para o início de maio e a greve foi suspensa.
Na época, o Sindicato encaminhou ofícios ao governo federal com pedido de urgência na adoção do PPE e de outras medidas de estímulo à economia.
A luta continua !
“Trabalho há 11 anos na montadora e estou junto na luta porque a preocupação com o emprego tem que ser de todo mundo. Se o layoff virar um instrumento só para a empresa fazer terror e demitir, não vai funcionar. O importante é fazer uma luta unida, independente de chuva ou de sol, em defesa dos nossos empregos. ” Adauto Gomes, caminhões pesados
“Estar em layoff mudou o meu cotidiano nesses meses e é uma situação difícil. Participei do acampamento anterior e vou ficar neste porque acredito na luta do Sindicato e dos trabalhadores. Tenho 12 anos na empresa e é desumana a maneira com que a Mercedes está nos tratando. Vamos com fé e a nossa luta não será em vão. ” João Absolon, eixo traseiro.
“Todo mundo tem as suas dívidas, tem família e depende do emprego. O Sindicato deu a oportunidade de os trabalhadores irem até o fim para reverter a situação e nós vamos até o fim. Até remarquei as minhas provas na faculdade de engenharia para estar aqui com o pessoal. Minha prioridade é a defesa do emprego. ” Juveny Guimarães Ribeiro, pré-montagem de cabina
“A empresa não teve critério nenhum para colocar o pessoal em layoff e é uma situação complicada de vivenciar. Quero construir o futuro e pagar o meu apartamento, mas não sei como vai ser o dia de amanhã. A empresa quer se aproveitar para fazer demissão em massa em cima do layoff e, por isso, a luta dos trabalhadores é tão necessária. ” Patrícia Custódio Carneiro, logística
Da Redação