Moisés Selerges assume a presidência do Sindicato

Em cerimônia realizada no último sábado, 29, Moisés Selerges, tomou posse como presidente dos Metalúrgicos do ABC. Na ocasião, Wagner Santana, o Wagnão, se despediu do cargo e agradeceu a toda a categoria. 

Foto: Adonis Guerra

O evento contou com a participação do ex-presidente Lula, da presidenta nacional do PT, deputada federal Gleisi Hoffmann, do presidente nacional da CUT, Sérgio Nobre, e do presidente estadual do PT de SP Luiz Marinho. Outras lideranças sindicais e políticas participam de forma virtual.

“O Sindicato dos Metalúrgicos do ABC é um grande patrimônio da classe trabalhadora. Para mim, a maior contribuição que este Sindicato dá ao movimento sindical é a sua capacidade de renovação. Essa mudança de diretoria é de fundamental importância”, Sérgio Nobre

“Precisamos muito do movimento sindical e do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC para, de novo, mobilizar e organizar o nosso povo. Não podemos deixar essa desconstrução acontecendo no Brasil”, Gleisi Hoffmann

“Querido companheiro Moisés, você vai ter que trabalhar muito porque nós precisamos dar resposta ao que o povo precisa. Este Sindicato pode se transformar em um centro de produção, de criação de novas políticas profissionais, novas políticas de emprego e de novos sonhos para a classe trabalhadora. Este Sindicato tem experiência, história, e pode inclusive fazer convênios com instituições internacionais para ajudar a fazer aqui os cursos necessários. Que você consiga fazer tudo o que sonha por essa categoria”, Luiz Inácio Lula da Silva

Foto: Adonis Guerra

Discurso de Posse

Realizaremos a 9ª eleição presidencial pós ditadura civil-militar com grande esperança de mudanças necessárias no país, especialmente para a sofrida classe trabalhadora brasileira. Não se trata de mais uma eleição nacional, mas aquela que deve recolocar o Brasil nos trilhos da democracia combinada com o desenvolvimento, com igualdade, do pleno emprego e padrão de bem-estar social decente. 

Comemoramos os 200 anos da independência nacional, quando a partir do riacho do Ipiranga em São Paulo, o Brasil passou a conquistar a sua libertação soberana frente aos trezentos anos de domínio colonial. Mas o que representa a independência hoje, com ricos, cada vez mais ricos e pobres cada vez pobres, a massificação do desemprego, o cancelamento do futuro comum?

Celebramos os 100 anos da Semana de Arte Moderna, o verdadeiro divisor de águas na cultura brasileira. No antigo ano de 1922 estava a semente da força do novo sujeito social que emergia da grande Greve Geral de 1917 que sacudiu as velhas oligarquias do país. Para um dos principais protagonistas da Semana de Arte Moderna, como Oswald de Andrade, emergia a crítica à ausência da indústria no Brasil, tendo manifestado em 1937 o seu desconforto como o Brasil: “País de sobremesa. Exportamos bananas, castanhas-do-pará, cacau, café, coco e fumo. País laranja! (…). Os nossos economistas, os nossos políticos, os nossos estadistas deviam refletir sobre este resultado sintético da história pátria. Somos um país de sobremesa. Com açúcar, café e fumo só podemos figurar no fim dos menus imperialistas. Claro que sobremesa nunca foi essencial.”

Naquele tempo havia algumas indústrias leves, quando o país começava a arrancar na industrialização liderada pela Revolução de 1930. Como sabemos, a industrialização segue sendo a coluna vertebral pela qual o desenvolvimento se estrutura em qualquer país.

 No Brasil não foi diferente. Atualmente figurando na décima posição no ranking da produção manufatureira do mundo e representando um pouco mais de 1% do emprego industrial do planeta, o país está muito longe do que outrora já foi. Nos anos de 1980, por exemplo, chegou a ser a 6ª indústria mais poderosa do mundo, o que significava ocupar quase 3% do operariado de manufatura do planeta.

Do sistema industrial diversificado na produção e exportação de automóveis, armamento, computadores, bem como integrado à ciência e tecnologia, resta atualmente ainda pouco. O neoliberalismo tem feito muito mal ao Brasil, especialmente à classe trabalhadora. Um basta a isso é preciso, reindustrialização sustentável ambiental e socialmente já.

Foto: Adonis Guerra

3º grande desafio histórico

Sabemos que o nosso Sindicato tem superado muitos desafios, mas dois grandiosos, em especial, que convém serem brevemente destacados. 

O primeiro grande desafio foi a construção do Sindicato há 63 anos, quando ao final da década de 1950 o Brasil vivia a chegada das grandes empresas multinacionais no Grande ABC. Era tempo de muita agitação convergente com o salto nas mobilizações de trabalhadoras e trabalhadores. Podemos citar a greve dos 300 mil em 1953, a greve de 1957 que preparou a criação do Comando Geral dos Trabalhadores (o CGT) em 1962, e a greve dos 700 mil em 1963, em plena batalha pelas reformas de base e defesa da democracia brasileira. 

Foto: Adonis Guerra

O segundo grande desafio foi a reação organizativa sindical ocorrida em resposta ao arrocho salarial e à opressão imposta pela ditadura civil-militar de 1964 a 1985. Com as greves do final dos anos de 1970, o país foi chacoalhado, anunciando o poder do Novo Sindicalismo, a criação do PT e de outras forças políticas que comungam dos interesses da classe trabalhadora, da CUT, do MST e da CMP, a redemocratização nacional e a nova Constituição Federal que colocaram o Brasil no rumo da democracia, capaz de permitir ao povo eleger o primeiro operário presidente da República, com aprovação de mais de 80% da população ao final dos dois mandatos consecutivos. Viva o presidente Lula!

O terceiro grande desafio do nosso tempo se refere à necessária atualização sindical diante da nova Era Digital que traz consigo inéditos sujeitos sociais aguardando nova configuração regulatória do trabalho e das entidades representativas da classe trabalhadora. A realidade atual da produção e do emprego requer melhor compreensão sobre o novo mundo do trabalho que precisa ser feita de baixo para cima, não de cima para baixo.

Percebemos, assim, que não apenas o Novo Sindicalismo envelheceu, como também as razões que deram sentido à fragmentação sindical do passado, não mais se justificam. Fundamental a realização da nova Conclat neste ano. 

Desde 2017, com a reforma Trabalhista, não somente os direitos sociais e trabalhistas foram suprimidos da classe trabalhadora, como o ataque atingiu de frente o sindicalismo e bloqueou o acesso do trabalhador à justiça do trabalho. 

A resposta sindical deve buscar a reversão da reforma Trabalhista, bem como considerar também a nova realidade social. Um chamamento ao sindicalismo para o novo mundo do trabalho, capaz de unificar as lutas por direitos que atendam desde a difícil realidade do chão de fábrica, passando pela precariedade das ocupações no capitalismo de plataformas, alcançando o trabalho em casa, dos cuidados familiares. 

Nessa toada de jornadas de lutas, a necessária retomada do sistema produtivo exige que a modernização do parque industrial nacional seja compatível com a sustentabilidade ambiental. 

No setor automotivo, por exemplo, a produção com combustível alternativo ao fóssil encontra no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, o protagonista fundamental e de primeira hora dessa mudança, porque na democracia as transformações não podem ocorrer sem a participação das trabalhadoras e trabalhadores. 

Foto: Adonis Guerra

Diante desse novo contexto, a categoria metalúrgica se sente motivada, pois pode contar com a passagem do companheiro Wagnão, presidente deste ilustre Sindicato, que criou as condições necessárias para a presente atuação sindical. Nossa homenagem e reconhecimento de que o exercício das novas e elevadas funções que estão por vir também são desafiadoras para o nosso país. Viva o companheiro Wagnão!

Motivado estou por assumir a honrosa atribuição a ser exercida na função da presidência do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC que conta com uma integrada e pujante diretoria, com inegável poder de luta da categoria. A nossa busca pela unificação das lutas da classe trabalhadora exige convergência sindical, tendo em vista que os sindicatos nasceram da contestação aos patrões e aos governos. Reitero, mais uma vez, que não podemos abrir mão desse princípio sindical.

Este sim, o verdadeiro desafio do Sindicato que acredita no futuro portador de boas novas, com a centralidade da emancipação da classe trabalhadora de todas as formas de exploração econômica e opressão de gênero, raça e religião.

Nosso projeto é que tenhamos emprego, bons salários, que todos os trabalhadores deste país possam colocar comida na mesa, possam ter acesso à universidade para si e seus filhos, e à saúde. Nosso projeto é ser feliz!

Em função da eleição do novo presidente do Sindicato, Moisés Selerges, pelo Conselho da Executiva, houve remanejamento dos cargos. 

Confira:

Presidente 

Moisés Selerges Júnior

Foto: Adonis Guerra

Secretário-Geral 

Claudionor Vieira do Nascimento 

Foto: Edu Guimarães

Diretor Administrativo 

Wellington Messias Damasceno 

Foto: Edu Guimarães

Vice-presidente 

Carlos José Caramelo Duarte     

Foto: Edu Guimarães

Coordenador da Regional São Bernardo 

Genildo Dias Pereira 

Foto: Edu Guimarães

Coordenador da Regional Diadema 

Antonio Claudiano da Silva 

Foto: Edu Guimarães

Coordenador da Regional Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra 

Marcos Paulo Lourenço 

Foto: Edu Guimarães

Diretor Executivo 

Luiz Carlos da Silva Dias

Foto: Edu Guimarães

Diretora Executiva 

Michelle Silva Marques    

Foto: Edu Guimarães

Diretor Executivo 

Nelsi Rodrigues da Silva (licenciado) 

Foto: Edu Guimarães

Diretor Executivo 

Aroaldo Oliveira da Silva

Fotos: Edu Guimarães