Montadoras avaliam ‘importar’ linhas de produção antigas do exterior
Fabricantes de automóveis e seus fornecedores de peças estão se movimentando para “importar” linhas de produção substituídas no exterior por montadoras que migraram para os carros elétricos. São linhas incompatíveis com a nova tecnologia, mas que têm utilidade para a indústria automotiva brasileira – que não vai abandonar tão cedo os sistemas de propulsão convencionais. Já na Europa, por exemplo, os carros movidos a combustíveis fósseis devem sair de linha até 2035.
A avaliação é de que os equipamentos industriais aposentados em mercados que estão mais avançados na transição tecnológica oferecem ao Brasil a oportunidade de, a um custo mais baixo, melhorar a produtividade das fábricas de carros, assim como nacionalizar componentes hoje importados. A lista inclui sistemas eletrônicos dos quais dependem da conectividade, a segurança e a própria eletrificação dos automóveis. Além das tendências tecnológicas, a transferência de linhas permitiria a produção nacional de dispositivos já com larga adoção pelas montadoras brasileiras, mas ainda importados.
É o caso do câmbio automático, presente em 67% dos carros vendidos no País, segundo dados da consultoria Bright Consulting. A importação de linhas desativadas em outros países não é uma novidade. Porém, passou a receber maior interesse após ser incluída no rol de projetos incentivados pelo governo federal no Mover, como foi batizado o novo programa de apoio à indústria de mobilidade, lançado no fim do ano passado.
Pelo programa, montadoras ou fornecedores de peças com projetos habilitados receberão créditos financeiros na importação das linhas, correspondentes ao Imposto de Importação, e depois nas exportações de produtos fabricados por meio das linhas transferidas – neste caso, o crédito é correspondente aos tributos incidentes sobre o lucro dos produtos exportados.
Do O Estado de São Paulo