Montadoras em crise de identidade: Jovens estão abandonando o sonho do carro próprio, e não dá para discordar deles

Na próxima vez que você ver um comercial de carro, repare nos rostos: casais jovens, famílias recém-formadas, todo mundo sorrindo dentro de SUVs novinhos em folha. Mas a verdade por trás da publicidade é bem diferente – os jovens estão deixando de comprar carros novos em um ritmo cada vez mais alarmante. E as montadoras, ao que parece, ainda não acordaram para essa realidade.

Um levantamento da S&P Global Mobility mostra que a participação dos consumidores entre 18 e 34 anos na compra de veículos novos nos Estados Unidos caiu de 12% no primeiro trimestre de 2021 para menos de 10% nos dois últimos trimestres. Em contrapartida, os motoristas com mais de 55 anos aumentaram sua fatia de 45% para quase 49% no mesmo período.

Aqui no Brasil a situação não é muito diferente, com os jovens se recusando a comprar carros velhos e em mal estado, ou seja, os veículos que eles teriam condições de comprar, para apenas comprar uma moto ou andar em carros de aplicativo. E o motivo para esse desequilíbrio é claro: o preço dos carros disparou. Segundo a própria S&PGM, o valor médio das parcelas mensais cresceu 30% nos últimos quatro anos, com quase um em cada cinco carros novos custando mais de mil dólares por mês.

E no Brasil? Com um simples carro popular custando R$ 100.000, a resposta é óbvia. Muitos acabam optando por veículos usados, que têm parcelas e seguros mais acessíveis. Outros estão indo além: abrem mão do carro completamente e adotam soluções como transporte público, aplicativos de carona, serviços de carro por assinatura ou compartilhamento. A própria indústria já admite que o conceito tradicional de “ter um carro na garagem” está mudando, mas age como se isso ainda estivesse distante. Talvez esses jovens estejam apenas antecipando um futuro que o resto da sociedade vai adotar mais tarde.

Do Notícias Automotivas