Montadoras erraram avaliação
O sufoco que atinge parte dos trabalhadores nas fábricas de autopeças surgiu da falta de planejamento das montadoras. Elas previram o fim do mundo em dezembro. Mas, a produção e as vendas, hoje, mostram que o diagnóstico errou, e feio.
Precipitadas, reclamando da queda de pedidos e da falta de crédito, as montadoras previram uma produção lá em baixo. A consequência imediata dessa afobação aconteceu nas autopeças, que rapidamente recorreram às demissões e à redução da jornada de trabalho.
Se as empresas tivessem mais responsabilidade com o emprego, os trabalhadores não precisariam pagar uma conta tão amarga.
Outro cenário
Acontece que o tamanho da queda no mercado nesse começo de ano é menor do que os dirigentes das montadoras imaginaram em dezembro.
Hoje, já existem filas de espera para alguns modelos de veículos e sinais de que essas filas podem aumentar, pois o crédito deve ser normalizado.
Até o mercado de caminhões e ônibus, que parecia ter levado a maior pancada, mostra recuperação. As vendas no segmento nos primeiros 15 dias deste mês foram maiores que no mesmo período do ano passado.
Haverá forte pressão para que o governo federal prorrogue a isenção de IPI para além de 31 de março, medida que mantem os preços dos veículos mais baixos para que as vendas continuem crescendo.
Essa decisão, porém, não deve ser tomada na base da afobação e, sim, negociada e com contrapartidas ao emprego e aos direitos.