Montadoras esperam alta de vendas no País em 2009 e 2010
A expectativa da entidade para 2010 é de desempenho superior em vendas e produção, puxado por juros menores, início de recuperação da economia de alguns países como Estados Unidos
A indústria de veículos do País deixou de lado tom pessimista do início do ano e passou a apostar em um terceiro recorde consecutivo de vendas internas em 2009, e desempenho ainda melhor em 2010.
A Anfavea, entidade que reúne as montadoras instaladas no País, melhorou nesta segunda-feira (6) sua previsão de vendas domésticas em 2009, revendo sua estimativa de queda de 3,9 por cento para alta de 6,4 por cento, chegando a 3 milhões de unidades. Em 2008, o volume de vendas somou de 2,82 milhões de veículos.
A expectativa da entidade para 2010 é de desempenho superior em vendas e produção, puxado por juros menores, início de recuperação da economia de alguns países como Estados Unidos e efeitos de pacotes de estímulo do governo brasileiro como o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e o voltado à habitação, “Minha Casa, Minha Vida”.
“Acho que teremos em 2010 um ano melhor que 2009. Tem muito efeito positivo no varejo os programas do governo, como o PAC, Minha Casa, e os investimentos para a Copa do Mundo (de 2014), e isso significa mercado”, afirmou o presidente da Anfavea, Jackson Schneider, a jornalistas.
Ele citou ainda os efeitos do desconto do Imposto Sobre Produtos Industrializados (IPI) até o fim do ano. De janeiro a junho, segundo a Anfavea, o IPI reduzido gerou uma venda adicional de 250 mil a 300 mil veículos no país.
Esse volume praticamente se iguala ao desempenho do melhor mês da história do setor, junho passado, que registrou vendas de 300,2 mil veículos.
Segundo Schneider, o setor deve sofrer uma “acomodação” em julho, depois que consumidores anteciparam suas compras antes da segunda prorrogação no desconto do IPI, decidida pelo governo federal apenas no fim do mês passado.
Com as fortes vendas de junho, o estoque de veículos novos no setor caiu de 26 para 18 dias de vendas, um volume de 178,8 mil unidades, número considerado baixo pela indústria.
Em novembro, pior momento vivido pelo setor desde o agravamento da crise financeira internacional em meados de setembro do ano passado, o volume de veículos em lojas e pátios de montadoras chegou a corresponder a 56 dias de vendas, ou 306 mil unidades.
PRODUÇÃO AINDA EM QUEDA
Apesar das vendas em alta neste ano, o setor continua amargando queda na produção na comparação anual, com retração de 8,2 por cento em junho ante o mesmo mês de 2008, devido a um tombo de 47 por cento nas exportações em unidades, principalmente de caminhões.
“A produção tem sofrido um efeito muito forte vindo do mercado externo e nossa indústria de caminhões tem uma dedicação maior às vendas externas que a de carros de passeio. Há empresas que chegavam a dedicar até 40 por cento de sua produção de caminhões para o mercado externo”, disse Schneider.
Para produção, a Anfavea ainda prevê queda neste ano, mas agora numa intensidade menor, após volume recorde de 3,21 milhões de veículos fabricados em 2008. A estimativa passou de queda de 11 para 5,2 por cento, para cerca de 3,05 milhões de unidades.
Apesar da melhora nas expectativas em relação às vendas internas e produção, a Anfavea reduziu suas estimativas para as exportações –que já eram negativas.
A entidade espera agora queda nas vendas externas de 43 por cento em valor, para 7,9 bilhões de dólares, e de 40 por cento em número de unidades, para 440 mil veículos. A previsão anterior para exportações era de queda de 39 por cento em valor e de 32 por cento em volume. Em 2008, o setor exportou 727,3 mil unidades, com 13,9 bilhões de dólares.
O presidente da Anfavea espera que o quadro no front externo comece a se reverter no ano que vem.
Da Reuters